Curitiba – Há dez meses das próximas eleições majoritárias, o eleitor brasileiro ainda não sabe qual regra irá ter de seguir para escolher seus representantes em 2006.

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Pode ser que tudo continue da mesma forma. Ou que os grandes comícios, repletos de artistas e cantores sejam proibidos. Pode ser que o eleitor deixe inclusive de votar em alguém e passe a ter de votar em um partido.

Por enquanto, todas as mudanças são conjecturas. Há mais de cinco anos, o Congresso Nacional iniciou a discussão sobre mudanças na legislação político- eleitoral brasileira. Na última quarta-feira, a Comissão Especial do Processo Eleitoral da Câmara aprovou, por unanimidade, o substitutivo à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 446/05. A PEC, de autoria do deputado Ney Lopes (PFL-RN), prorrogava o prazo para que o Congresso aprove mudanças que passem a valer para as próximas eleições.

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Pelo Artigo 16 da Constituição, as alterações precisariam ser aprovadas até 30 de setembro, um ano antes do pleito. Na proposta de Lopes, a data-limite seria estendida até 31 de dezembro.

Na comissão, o relator da PEC, deputado Marcelo Barbieri (PMDB-SP), incorporou ao texto pontos de outros projetos de reformulação política oriundos da Câmara e do Senado, como os Projeto de Lei 2679/03 e 5855/ 05. O resultado é um substitutivo que prorroga o prazo e propõe mudanças no sistema político e eleitoral.

Apesar da aprovado por unanimidade na Comissão, a tendência é de que a proposta naufrague na votação em Plenário.

A Câmara ainda sente os efeitos da crise política e há uma espécie de paralisia motivada pela expectativa da votação do processo de cassação do deputado José Dirceu (PT-SP).

"Estamos nas mãos do Supremo", diz o deputado federal Íris Simões (PR), um dos vice-líderes do PTB na Câmara, referindo-se aos recursos impetrados pelo ex-ministro no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Contra o tempo

Além disso, a Casa ainda precisa encontrar espaço para votar o orçamento de 2006. "Não existe mais prazo", queixa-se o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), que integrou a Comissão Especial.

O entendimento dos congressistas é de que há muita complexidade na proposta para pouco tempo de apreciação. "É uma 'torre de babel' com propostas que trazem muitas divergências. Não há a menor chance de passar", concorda o deputado Eduardo Sciarra (PFL-PR).

Na maior bancada da Câmara, a do PT, a tendência geral é de simpatia pela proposta.

"É um projeto interessante que cria novos marcos eleitorais na nossa república", afirma o deputado Irineu Colombo (PT-PR).

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Mesmo assim, o partido não definiu uma posição de bancada sobre o assunto.

A saída defendida pelos parlamentares, ironicamente, é derrubar a proposta e votar apenas alguns pontos. Se isso acontecer, a Reforma que estava fatiada (dividida em diversas propostas na Câmara e no Senado) e foi unificada no substitutivo, voltará a ser desmembrada.

"Acredito que o voto por lista fechada e o financiamento público têm poucas chances de aprovação, os demais pontos podem ser aprovados", explica Simões.

" A solução é derrubar a PEC e aprovar alguns pontos específicos", conclui Sciarra.

Ao eleitor, resta esperar.

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