O líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), afirmou que considera "inadmissível" o monitoramento feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre sindicalistas no Porto Suape, em Pernambuco. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira revelou que foi montada uma operação, coordenada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para verificar se estivadores do estado poderiam irradiar paralisações em portos brasileiros, com eventual desgaste político para a presidente Dilma Rousseff.
Provável adversário de Dilma ano que vem, Eduardo Campos tem liderado o movimento contrário à aprovação da medida provisória dos Portos que, entre outras mudanças, retira a autonomia de estados de licitar novos terminais de carga. "Nós consideramos inadmissível qualquer investigação desse tipo", disse Rollemberg em discurso no plenário. O líder socialista disse que as relações do governo Eduardo Campos com o movimento sindical tem se dado de forma "absolutamente transparente" e que as manifestações do governador sobre a MP dos Portos têm sido todas públicas.
Rollemberg disse que fez questão de telefonar para o ministro-chefe do GSI, general José Elito Carvalho Siqueira, antes do pronunciamento para ouvir sua posição. Segundo ele, o ministro negou-lhe "veementemente" qualquer tipo de investigação nesse sentido. "É muito importante que a posição do governo seja muito clara nesse sentido, para que não possa pairar qualquer tipo de dúvida a respeito da posição do Gabinete de Segurança Institucional, a respeito das ações que estão sendo realizadas pela Abin, que não podem ser ações que contrariem os princípios democráticos, tão importantes para o nosso País", reforçou.
Em aparte, o senador Pedro Taques (PDT-MT) disse esperar que o ministro "esteja falando a verdade". "Oxalá esse general esteja falando a verdade, porque, do contrário, estaremos em um estado policial, reacionário", afirmou ele, ao lembrar que seu colega de partido, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente da Força Sindical, participou de encontros com trabalhadores do setor sobre as mudanças previstas na MP.
Paranoia
Para Taques, assim que Eduardo Campos se lançar oficialmente candidato a presidente "o céu poderá ficar mais escuro". "A campanha eleitoral de 2014 foi antecipada. Já começam a se formar dossiês; nas redes sociais, se você fala contra ou a favor, já existe toda uma patrulha em cima disso", criticou ele, ao destacar que "infelizmente alguns entendem que a dicotomia, no Brasil, deve existir apenas entre PSDB e PT".
Aliado de Campos, o senador Armando Monteiro (PTB-PE) disse que o uso de investigações como essa, se verdadeiros, só pode ser "paranoia de inteligência que quer mostrar serviço". "Não creio que a presidente Dilma possa encorajar iniciativas dessa natureza", ressaltou.
O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), saiu em defesa do governo e elogiou a atitude de Rollemberg ao ter falado com o ministro da área antes de se pronunciar em plenário. "Eu diria até impensável imaginar, pela característica da Presidente Dilma pela sua história, e junto com tantos outros lutadores deste nosso País (uma investigação como essa)", rebateu o petista.
Convocação
O líder do PSB no Senado disse que, por ora, não pedirá explicações complementares dos representantes do governo ou apresentará um pedido para trazê-los ao Congresso. Mais cedo, o PPS anunciou que tentará convocar a ministra-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, o ministro-chefe do GSI e o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza para dar explicações na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara sobre a ação da Abin no Porto de Suape.
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