Para tentar esvaziar o noticiário envolvendo o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, o comando do PSB agiu em duas frentes na elaboração da estratégia para o depoimento dele, nesta quinta-feira, na Comissão Representativa no plenário do Senado, às 14h30m, sob o comando do presidente José Sarney (PMDB-AP).
De um lado, os socialistas aconselharam o ministro a tomar a iniciativa de abordar todos os assuntos polêmicos sobre a pasta, sua gestão na Prefeitura de Petrolina e até denúncias envolvendo seus familiares. Por outro lado, o PSB conseguiu articular apoio não só entre os partidos da base aliada, mas também em setores da oposição - neste caso, um acordo tácito.
O ministro foi orientado a ser o mais transparente possível e, principalmente, sem arrogância. Nas palavras de um interlocutor do ministro, a recomendação é evitar contradições e uma performance semelhante ao do ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, que "morreu pela boca" depois de declarações polêmicas.
Ao mesmo tempo, os socialistas iniciaram uma ampla articulação nos bastidores para esclarecer todos os fatos até mesmo para integrantes da oposição - por isso integrantes do DEM e PSDB têm feito declarações cuidadosas em relação a crise envolvendo o ministro Fernando Bezerra.
O presidente do PSB e governador Eduardo Campos (PE), padrinho político de Bezerra, tem agido pessoalmente para dar explicações a parceiros da oposição. O PSB é aliado de tucanos em estados como Minas Gerais, Paraná, Paraíba e Alagoas.
Rio Grande do Norte será lembrado na defesa
Depois de conversar com Eduardo Campos, o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), anunciou que fará nesta quinta-feira a defesa de Fernando Bezerra durante o seu depoimento, em nome do PMDB e do estado do Rio Grande do Norte. Henrique Alves revelou ainda que conversou com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) e que afinaram o discurso: de que o Rio Grande do Norte foi bem tratado pelo ministro da Integração.
O PSB também contabiliza o apoio de outros governadores de partidos de oposição ou independentes como Raimundo Colombo (PSD-SC), Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Beto Richa (PSDB-PR).
"Será um depoimento definitivo: o Fernando Bezerra vai esclarecer todos os fatos fundamentados com dados concretos. Não houve favorecimento. As pessoas esquecem da tragédia que foi a inundação em Pernambuco. O meu estado, o Rio Grande do Norte, não tem nada do que reclamar do ministério da Integração Nacional. Essa é uma posição de todos, inclusive da governadora Rosalba. Pelo jeito, querem agora atingir o governador Eduardo Campos, um dos melhores do Nordeste", disse Henrique Alves.
Para tentar demonstrar normalidade, o ministro Fernando Coelho já marcou viagem para o sertão nordestino com o objetivo de vistoriar obras da transposição do Rio São Francisco. Também confirmou visita a Porto Alegre para anunciar um pacote da Defesa Civil para o período de estiagem.
"O ministro Fernando Bezerra dará explicações convincentes de todas as questões. Parece que tem uma ação orquestrada para enfraquecer o ministro e o PSB. Os recursos liberados para Pernambuco foram acertados pelo governador Eduardo Campos com a presidente Dilma Rousseff. E os próprios governadores reconhecem que não houve privilégio. Bezerra virou a bola da vez. Por isso, vai explicar fato por fato de forma convincente para que esse tema perca força", avisou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Oposição reconhece poder da blindagem do ministro
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) assumirá a liderança do partido por um dia, para substituir o líder ACM Neto (BA) na inquirição ao ministro. Da oposição integram a comissão o líder do PSDB no Senado Álvaro Dias (PR), na Câmara, Duarte Nogueira (SP) , além do tucano Eduardo Gomes (TO).
Gomes reconhece que será difícil furar a blindagem da maioria governista no depoimento: foi uma ótima estratégia dele se antecipar e falar perante a Comissão Representativa, que é bem restritiva para a oposição. Podemos discutir uma forma de jogar esse depoimento para depois do recesso. Tecnicamente a composição dessa Comissão já constrange a oposição. Acho que a base vai focar os questionamentos em suas ações em relação às chuvas e nós podemos tentar focar nos favorecimentos de sua base eleitoral e familiar, disse Eduardo Gomes.
Membro da Comissão, o líder do PT, senador Humberto Costa (PE), que também costura as alianças para a complicada disputa da prefeitura de Recife, estará presente. Sobre possíveis pontos vulneráveis que Fernando Bezerra poderia enfrentar no depoimento, ele diz: "Não acho que ele terá dificuldades. O assunto está começando a decantar. A minha impressão é que está perdendo força. A não ser que apareça uma bomba, não tem nada que o comprometa eticamente de forma contundente", disse o líder do PT no Senado.
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