O governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos, recebe formalmente nesta segunda-feira (16) o apoio do PPS ao seu projeto, depois de a legenda flertar com a ex-senadora Marina Silva e com o tucano José Serra para lançar candidatura própria. Dirigentes do PSB e do PPS realizam nesta segunda, em Recife, o primeiro encontro para discutir alianças eleitorais nos Estados.
Assim como ocorreu com Marina, que se filiou ao PSB depois que não conseguiu o registro para o seu partido, a Rede Sustentabilidade, a união entre PPS e PSB traz contradições. O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), é um conhecido crítico das políticas de transferência de renda do governo do PT. Já Marina e Campos são defensores desses programas e sempre poupam críticas nessa área ao governo.
A união com Campos ainda sofre algumas resistências no PPS, principalmente daqueles que queriam que o partido adiasse a decisão de aliança para o ano que vem e discutisse a tese de candidatura própria em 2014.
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), é um desses e defende que o PSB precisa atuar como oposição no Congresso. "Nós fazemos oposição ao lulopetismo e não vemos isso acontecer no PSB", disse à Reuters. Bueno fez elogios a Campos, que considera um "bom quadro" e "preparado", mas disse esperar que ele "endureça" o discurso contra o governo assim como o PPS. "Eu espero que (a aliança) dê certo. Mas antes disso temos que ver a bancada do PSB votar contra o governo no Congresso", afirmou. Bueno não participará do encontro em Recife.
Sem saber das críticas, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), comemorou a adesão do PPS ao projeto de Campos, "porque é um partido que defenda mudanças e isso está associado ao desejo de quase 70 por cento da população", disse. "Isso também reforça nossa estrutura de campanha", acrescentou Albuquerque.
Questionado sobre as críticas de Freire às políticas sociais do governo, postura diferente da chapa Campos-Marina, Albuquerque disse que eles não adotarão o tom crítico do novo aliado. "O que importa é o pensamento de quem está na cabeça do processo e tanto a Marina como o Eduardo têm compromisso com essas políticas de compensação de renda", argumentou o líder socialista.