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Com um discurso oposicionista, o Partido Social Cristão (PSC) lançou na tarde desta terça-feira (8) a pré-candidatura do pastor Everaldo à Presidência da República num auditório de um hotel no centro de Brasília com cerca de 200 correligionários.Citando trechos bíblicos, falando em milagres e agradecendo à igreja Assembleia de Deus "onde nasceu", o pastor Everaldo discursou por 38 minutos e criticou o governo Dilma Rousseff ao afirmar que "hoje está montada a lógica para se servir do Estado".

Pastor Everaldo afirmou que pretende inverter essa "lógica com gente competente" e defendeu as privatizações. "Enquanto este governo estatizante, que hoje tem mais de 600 empresas que é sócio e mais de 200 estatais para negociatas e corrupção como acabamos de ver agora, [...] nós deixamos claros que somos privatizantes", disse."Tudo que for possível tirar da mão do Estado, da corrupção para passar para a iniciativa privada, [nós faremos]. Vamos enxugar esse estado. O PSC não é camaleão com um discurso para cada plateia", afirmou.

Um dos dez partidos que apoiaram Dilma Rousseff oficialmente em 2010, o PSC é uma das legendas que deixou a coalizão da presidente. Sigla conservadora com posições "pró-família" e "contra o aborto", nos últimos anos o PSC foi um dos partidos pequenos que mais cresceram no Brasil.Em 2002, elegeu um deputado federal e teve 500 mil votos no país. Em 2006, conseguiu eleger nove deputados com 1,8 milhão de votos. Em 2010, foram 17 deputados eleitos e 3,1 milhões de votos.

Na eleição de 2010, um dos deputados eleitos foi Marco Feliciano, com 212 mil votos. Controverso, Feliciano presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e foi acusado de racista e homofóbico por colegas parlamentares. Feliciano chegou ao lançamento da pré-candidatura atrasado nos últimos minutos do evento.

Em seu discurso, pastor Everaldo defendeu a participação de Feliciano à frente da Comissão de Direitos Humanos. Para o pré-candidato a presidente, Feliciano trouxe "para o debate o pensamento da família cristã". "Incluiu outras minorias que estavam esquecidas por aquele colegiado, sem excluir ou discriminar nenhuma outra minoria", disse.

Antes de terminar o discurso, ainda elogiou o ex-presidente Itamar Franco, "que fez um governo de coalizão [olhando] para os interesses do país e não do partido".Pesquisa Datafolha realizada em fevereiro mostrou o pastor Everaldo com 3% das intenções de votos para presidente. Em outro levantamento, feito em abril, o candidato do PSC caiu um ponto e ficou com 2%.

Em entrevista ano passado ao jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, o publicitário Duda Mendonça, responsável pela vitoriosa campanha do ex-presidente Lula ao Planalto em 2002, afirmou que o pastor Everaldo tem potencial para chegar a 5% dos votos.

Lançamento

Com um atraso de uma hora, o lançamento da pré-candidatura do pastor Everaldo durou mais de três horas, e teve discurso de outras dez lideranças do partido e até a exposição de um resumo do programa de governo.

O ex-senador Marcondes Gadelha, coordenador do Programa de Governo, dividiu as propostas do PSC em três eixos: qualidade de vida, poder nacional e governança. Arrancou aplausos da plateia ao defender a redução da maioridade penal.

O deputado Silvio Costa (PE) foi um dos que mais receberam apoio da plateia entre os políticos do partido que discursaram no evento. Costa criticou não só o PT, mas também algumas candidaturas de oposição, como a de Aécio Neves (PSDB) e a do Eduardo Campos (PSB). "Vejo uma fadiga de material no PT e na oposição. Não vejo o PSDB apresentar uma proposta clara para mudar o país e não acredito na crítica pela crítica. Tem outro candidato do meu Estado que fala em nova política, mas em 1986 ele era assessor do avô dele. Não vim discutir a nova política, mas a boa política", disse.

Costa afirmou que a candidatura do pastor Everaldo não é um sonho inatingível. "Tem gente que é candidato há dois anos. O senhor lançou a candidatura agora e já tem 3% nas pesquisas. Não estamos brincando de fazer política."

O bispo Manoel Ferreira, presidente vitalício da Convenção das Assembléias de Deus do ministério Madureira e de honra do partido, defendeu que o programa Bolsa Família é um programa de governo e não de partidos. "Esse é o principio da boa sociologia. Quando não se pode distribuir emprego se distribui renda", disse.

O líder do PSC na Câmara dos Deputados, deputado André Moura (SE), afirmou que a pré-candidatura do pastor Everaldo "representa a mudança". "Não a mudança tão propagada no país, mas a mudança verdadeira. Esse não é país que priorize a saúde, educação e segurança pública. Precisamos mudar", disse.

O presidente do PSC, Vítor Nósseis, disse que a candidatura do Pastor Everaldo "resgatará os princípios da moralidade e do respeito". "Eu prefiro o sistema anglo saxão do que o ibérico. Veja o Barack Obama: ele já entra no assunto sem muita vaselina. Vamos transformar esse país em um lugar bom. A candidatura [do Pastor Everaldo] tem um sentido de redenção".

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