Barbosa: partido acusa presidente do STF de ter cometido abuso de poder ao obrigar cartórios a registrar casamento gay| Foto: Fellipe Sampaio/STF

O PSC – partido do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano (SP) — entrou ontem com um mandado de segurança contra resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que obriga os cartórios de todo o país a registrar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Para a legenda, houve abuso de poder quando o CNJ aprovou a resolução, na semana passada, uma vez que o Conselho teria invadido competência do Poder Legislativo. A sigla pede uma decisão liminar suspendendo a resolução até que ela seja julgada em definitivo.

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No mandado de segurança, o PSC diz por duas vezes que o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, cometeu abuso de poder com a resolução. O partido reproduz todo o trecho da Constituição que trata do CNJ e arremata: "Como se pode verificar, nas atribuições do Conselho Nacional de Justiça, não constam atribuições relativas ao Processo Legislativo, bem como, o Conselho Nacional de Justiça não tem legitimidade para normatizar o tratamento legal das uniões estáveis constituídas por pessoas de mesmo sexo, sem a existência de legislação que defina tal situação, e assim agindo, o CNJ usurpa atribuições dos membros do Congresso Nacional, e do Partido Social Cristão (PSC)".

O partido reproduz ainda trecho do artigo 226 da Constituição que diz que, "para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento". Também cita o artigo 1.514 do Código Civil, segundo o qual "o casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados".

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O PSC, que tem em suas fileiras muitos evangélicos, ainda diz no mandado que "é totalmente contrário à união entre pessoas do mesmo sexo, e sempre se posicionará neste sentido, no exercício de suas prerrogativas legais, junto ao Congresso Nacional".

A resolução aprovada na semana passada pelo CNJ também determina que sejam convertidas em casamento as uniões estáveis homoafetivas registradas previamente. A proposta de resolução foi feita pelo ministro Joaquim Barbosa, e foi aprovada por 14 votos a um. Ele argumentou que a resolução era necessária para dar efetividade à decisão tomada pelo STF em maio de 2011 que reconheceu o mesmo direito de união civil aos homossexuais.

O PSC, por outro lado, diz que o CNJ estaria inovando nesse aspecto, pois o Supremo só tratou de união estável, e não de casamento.