Perfil
Campos tenta se cacifar para a disputa presidencial
Jovem e popular entre o eleitorado nordestino, o economista Eduardo Campos é herdeiro político do avô, Miguel Arraes (1916-2005), exilado político durante a ditadura militar e governador de Pernambuco por três vezes. Começou a carreira como chefe de gabinete de Arraes, nos anos 1980, e em 1990 elegeu-se deputado estadual. Em 1994, foi eleito pela primeira vez para a Câmara Federal e cumpriu três mandatos seguidos.
Entre 2004 e 2005, foi ministro de Ciência e Tecnologia durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2006, elegeu-se pela primeira vez governador, reelegendo-se em 2010 no primeiro turno com 82% dos votos ainda no primeiro turno, sendo o candidato a governador mais votado do país.
Aos 46 anos, tenta articular-se como nome viável para as eleições presidenciais de 2014 ou 2018. Possui bom diálogo tanto com PT quanto com PSDB e apoiou a fundação do PSD no ano passado.
Enquanto PT e PMDB brigam por poder, quatro partidos se articulam para formar o grupo parlamentar mais forte da Câmara dos Deputados. Nesta semana, o bloco composto por PSB, PCdoB e PTB vai intensificar a discussão sobre a adesão do PSD. A nova aliança reuniria 110 cadeiras, contra 86 dos petistas, 76 dos peemedebistas e 96 das quatro legendas de oposição juntas (PSDB, DEM, PPS e PSol).
A decisão causaria mudanças na configuração política dentro e fora do Congresso Nacional, com reflexo eleitoral na formação de coligações neste ano e em 2014. As costuras passam pela disputa pela prefeitura de São Paulo e pelo fortalecimento do presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para os próximos pleitos presidenciais. "Sempre tivemos muita proximidade com o PSB e é natural essa discussão", diz o primeiro-secretário da executiva nacional do PSD e deputado federal paranaense, Eduardo Sciarra.
Campos foi um dos maiores incentivadores da fundação do PSD, concretizada no ano passado. A princípio, a ideia era criar uma sigla que abarcasse descontentes em outras legendas governistas e de oposição para depois fundi-la com o PSB. O plano acabou sendo descartado, mas isso não prejudicou a relação entre os líderes das duas legendas.
Nas eleições municipais de Curitiba e Belo Horizonte, por exemplo, o PSD vai apoiar nomes do PSB Luciano Ducci e Marcio Lacerda, respectivamente. Em São Paulo, o atual prefeito e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, trabalha para que o parceiro embarque na campanha de José Serra (PSDB). As três alianças favorecem os tucanos, apesar de o PSB ser aliado do PT no cenário nacional desde 1989 e ocupar dois ministérios no governo Dilma (Integração Nacional e Secretaria dos Portos).
"Acho que o futuro do PSB depende do caminho que o partido seguir em São Paulo. Será a hora de ver se eles têm planos próprios, longe do PT", avalia o deputado federal Reinhold Stephanes (PSD-PR). Por outro lado, a formação do novo bloco parlamentar também pode servir como uma opção para o governo no Congresso.
"Vejo hoje uma crise entre o PMDB e o PT, que não chega ao nosso partido", diz o deputado federal Leopoldo Meyer (PSB-PR). Uma das possibilidades é que Eduardo Campos possa ocupar uma vaga como vice na chapa de Dilma em 2014, desbancando o peemedebista Michel Temer. "Passamos por um momento de fortalecimento, por isso há diferentes alianças de acordo com a lógica local", complementa Meyer.
A relação com o governo, no entanto, vive um momento de ambiguidade. O bloco PSB-PCdoB-PTB liberou seus atuais 63 deputados para que votassem como quisessem na sessão que aprovou as mudanças na previdência do funcionalismo público. Dos 26 parlamentares do PSB, 17 votaram contra a proposta, considerada uma das principais prioridades do governo para 2012.
"Foi uma questão pontual, não significa que vamos votar contra o governo em outras propostas", diz Meyer. Segundo ele, o futuro posicionamento da bancada e a possível adesão do PSD ao bloco será discutido nesta semana, em uma reunião com Eduardo Campos.
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