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Entrevista

Walter Alves/ Gazeta do Povo

Guilherme Afif Domingos, vice-governador de São Paulo (PSD)

As mídias são espaços de protestos contra políticos. Não é um risco priorizá-las para a comunicação do partido?

É moda ser contra político. Mas nós sabemos que quem não gosta de política acaba comandado por quem gosta. Talvez o protesto decorra da falta de um canal de comunicação.

O PSD ainda é criticado por ser um partido sem bandeira...

Temos pesquisas que mostram que o Brasil do século 21 rejeita os extremos, não gosta nem de esquerda, nem de direita. O brasileiro é conciliador. Tem preocupação social, mas preserva as individualidades.

Sem recursos do fundo partidário, e ainda sem tempo de tevê, como o partido está se mantendo?

Por enquanto, cada um paga do bolso porque acredita no projeto. Mas é só ter paciência, pois o que faz sentido acaba acontecendo. O partido é a quarta força do Congresso, não vai ficar alijado dos meios que os outros dispõem para competir.

Como o partido vai se posicionar na eleição municipal em Curitiba?

Quem o [presidente estadual do PSD, Eduardo] Sciarra escolher nós apoiamos. Ele comanda o processo.

O telefone celular vai ser instrumento de militância partidária. Esta foi a "inovação" apresentada pelo Partido Social Democrático (PSD) ontem, em Curitiba, no primeiro seminário nacional da sigla, criada em setembro do ano passado. Caciques da legenda como o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, se reuniram com mais de 350 pessoas em um hotel no centro da capital paranaense para discutrir o programa partidário da sigla.

Afif é presidente do "espaço democrático", grupo responsável por discutir um programa para o PSD. A intenção, segundo ele, é inverter a lógica de "autoritarismo intelectual" dos partidos brasileiros. "Chega de intelectuais trancados nas universidades escrevendo longas teorias, de direita ou de esquerda, para impor à sociedade."

Para Afif, o processo político brasileiro é antiquado, pois os partidos não se atualizaram. O diferencial do PSD, explica o vice-governador paulista, seria a capacidade de ouvir a sociedade para só então criar um programa. Para tanto serão usadas as mídias sociais e, principalmente, o telefone celular dos militantes. "O partido pretende se comunicar com o país. Mas isso pressupõe pessoas conectadas", disse.

Instruções

Ontem, os militantes cadastraram seus contatos e receberam instruções para participar da militância digital. Como primeiro exercício, o partido fez enquetes via mensagem de SMS enviada ao telefone dos correligionários. A primeira lançada por Afif trazia a pergunta "quem deveria receber mais recursos dos impostos: A Uniãos, os estados ou os municípios?". A plateia composta por prefeitos, vereadores e postulantes a estes cargos optou em massa (84%) pela última hipótese.

Para Afif, as mídias digitais serão o principal mecanismo de expressão política dentro de dez anos, o que colocará o partido na vanguarda. Ele admite porém que essas mídias não superam a televisão, realidade que ainda angustia o partido que nasceu como a 4.ª maior bancada do Congresso Nacional, mas ainda espera a definição sobre se terá tempo de rádio e televisão na propaganda eleitoral gratuita. E também aos recursos do fundo partidário.

Apenas para financiamento das campanhas, o partido pode receber R$ 22 milhões por ano. Na semana passada, um parecer emitido pela assessoria do Tri­­bunal Superior Eleitoral (TSE) afirma que desde o seu reconhecimento como partido, o PSD passou a ser beneficiário de todos os "direitos inerentes à constituição regular" das siglas partidárias no Brasil. O tempo de propaganda eletrônica e os recursos do fundo público que financia campanhas seriam retirados dos partidos que perderam deputados federais para o PSD.

Nessa conta, o maior prejudicado é o DEM, do qual saiu também o idealizador, fundador e presidente nacional do PSD, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Além do DEM, também perdem dinheiro e tempo de exposição o PTB, PR, PP, PSDB, PPS, PSB e PMDB.

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