“Os (secretários do PSDB) que não se afastarem (do governo Arruda) sofrerão sanções. (...) (Mas) não cuidamos ainda do diretório de Brasília.” Sérgio Guerra, senador por Pernambuco e presidente nacional do PSDB, explicando a decisão de sair do governo Arruda mas se esquivando de dizer o que será feito com o secretário tucano Márcio Machado, acusado de fazer parte do esquema| Foto: Antônio Cruz/ABr

Dia do fico

Taniguchi fica até Arruda se explicar

Rhodrigo Deda

O ex-prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi (DEM) informou ontem que vai continuar no cargo de secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal. Taniguchi não pedirá exoneração enquanto durar o prazo para o governador José Roberto Arruda se explicar à cúpula do DEM sobre os supostos pagamento de propina a aliados em sua gestão. A declaração foi dada por meio de sua assessoria.

A executiva nacional do DEM deu prazo para Arruda apresentar sua defesa até a quinta-feira da próxima semana, dia 10, quando o partido deverá decidir sobre uma possível expulsão de Arruda do partido. Após o fim desse prazo é que, segundo a assessoria, Taniguchi irá decidir se continuará no cargo.

Anteontem, ele havia dito à Gazeta do Povo que tinha aceitado o convite de Arruda para integrar o secretariado do governo do Distrito Federal por influência da direção nacional do DEM. Taniguchi foi eleito deputado federal em 2006 pelo Paraná e se licenciou para assumir o cargo de secretário de Desenvolvimento Urbano, na gestão de Arruda. A vaga que deixou na Câmara dos Deputados ficou com o suplente Airton Roveda (PR).

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Brasília - Apontado como o elo tucano no esquema de arrecadação de caixa dois do governador José Roberto Arruda (DEM), o secretário de Obras do Distrito Federal, o tucano Márcio Machado, não deve sofrer nenhum tipo de punição de seu partido, o PSDB. Reunida ontem em Brasília, a executiva nacional do partido nem sequer avaliou a possibilidade de abertura de investigação interna ou processo no Conselho de Ética da legenda.

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Apesar disso, o PSDB decidiu ontem entregar os cargos no governo Arruda. Assim, tornou-se o quinto partido a abandonar a gestão do democrata. As outras legendas que saíram do governo foram PPS, PSB, PDT e PV.

Acusação

Márcio Machado, que também é presidente da legenda no Distrito Federal, foi acusado por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais e pivô das denúncias do mensalão do DEM, de atuar pelos tucanos na coleta da propina e distribuição do dinheiro a aliados políticos.

Machado terá de deixar a gestão Arruda juntamente com os colegas de partido José Humberto Pires (secretário de Governo) e Valdivino Oliveira (Fazenda), segundo decisão unânime da Executiva Nacional tucana. "Os que não se afastarem sofrerão sanções", disse o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Apesar de classificar as denúncias como "graves e que exigem apuração", Guerra evitou comentar o caso de Machado. "Não cuidamos ainda do diretório de Brasília."

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Vice-presidente do PSDB, o deputado Edson Aparecido disse que o Conselho de Ética pode ser acionado se houver mais provas contra Machado. A expectativa da cúpula tucana é que ele anuncie seu afastamento da presidência do DF durante as investigações.

Aliança com o DEM

Sobre 2010, Guerra disse que a aliança com o DEM está mantida, classificando a crise no Distrito Federal de "episódio local". Já o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), mostrou irritação com o abandono do PSDB do governo do DF.

O governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência, José Serra (PSDB), repetiu que as acusações são gravíssimas, mas não se estendeu no assunto. Segundo ele, é preciso "ouvir os investigados, que têm direito de defesa".

Presidente do PPS é acusado de receber verba do esquema

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Acusado de também ter se beneficiado do mensalão do Distrito Federal, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, afirmou ontem que vai entrar na Justiça contra a diretora comercial da Uni Repro Serviços Tecnológicos, Nerci Soares Bussamra.

Segundo reportagem publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, Nerci acusa o PPS de praticar chantagem e pedir propina para manter um contrato de R$ 19 mi­­­lhões com a Secretaria de Saúde do DF, comandada pelo deputado Augusto Carvalho, filiado ao PPS. Parte do dinheiro, segundo a acusação, teria sido destinada a Freire.

"Com tantas imagens contundentes no caso que passou a ser conhecido como ‘mensalão do Distrito Federal’ – numa paródia ao mensalão do PT –, não faltou quem aproveitasse a ocasião para tentar atirar a honra alheia na sarjeta’’, diz Freire em nota. O presidente do PPS afirmou ainda estar à disposição da Justiça, da Polícia Federal e do Ministério Público e que suas contas também estão disponíveis.

"Minha vida pública não está à disposição desta senhora e de (Durval) Barbosa (ex-secretário de Relações Institucionais do DF), dono de uma ficha corrida da qual constam 37 processos judiciais.’’