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Líder do PSDB pede que Cardozo que fique quieto

Em um discurso inflamado da tribuna do Senado, o líder do PSDB na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (SP), acusou nesta terça-feira (26) o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de atrapalhar as investigações sobre as denúncias de corrupção e formação de cartel no metrô em São Paulo. No final da manhã, a cúpula do PSDB pediu a demissão de Cardozo por entender que ele não tem mais isenção para conduzir o episódio à frente da pasta. "O ministro da Justiça, que conheço há muitos anos, está atrapalhando a investigação. Ele deveria se conduzir com mais sobriedade. Ele está trazendo para a rinha política adversários do seu partido para que nós, na nossa defesa, apaixonada e indignada, possamos elevar o tom político dos acontecimentos, o que é inevitável. Nesse sentido, ele está atrapalhando as investigações", afirmou.

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Em resposta a críticas, ministro da Justiça ataca PSDB

Em resposta às acusações da cúpula do PSDB de que o caso Siemens está sendo usado para encobrir os desdobramentos do mensalão, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) atacou os tucanos e afirmou nesta terça-feira (26) "lamentar que uma investigação séria tenha se transformado numa disputa política e eleitoral". "Acho muito ruim que investigações sejam transformadas em disputa política, em dizer que "conosco não que somos diferentes". Todos são iguais perante à lei, só em mentalidades aristocráticas, elitistas e ditatoriais que prevalece ideia de que conosco não", disse o ministro. Ele continuou, "se há denúncias, não importa contra quem seja, o ministro tem que ser pedir investigação. Senão é prevaricação".

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Com fortes críticas ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a cúpula do PSDB convocou a imprensa nesta terça-feira (26) para acusar o governo federal de reeditar o "escândalo dos aloprados" como forma de minimizar o impacto das prisões decorrentes do esquema do mensalão. Tendo à frente o senador Aécio Neves (MG), provável candidato do partido à Presidência da República, o partido defendeu o afastamento de Cardozo das investigações sobre as suspeitas de montagem de cartel para fraudar licitações do metrô e trens em São Paulo durante os governos do PSDB. Em algumas falas, a demissão do ministro foi sugerida.

"A tentativa de fazer com que os outros possam parecer iguais não terá êxito, porque nós não somos iguais. Prezamos e praticamos a ética na vida pública não apenas em determinados momentos, mas ao longo de toda a nossa trajetória", afirmou Aécio, acrescentando que o governo "manipula" as instituições do Estado para atingir seus adversários.

Segundo o tucano, as acusações contra integrantes do partido, que tem a empresa alemã Siemens como pivô, vieram a público agora como forma de encobrir os desdobramentos do escândalo do mensalão, cujos condenados, boa parte deles do PT, começaram a ser presos no último dia 15.

Para Aécio e os demais tucanos, é uma reedição do caso dos "aloprados", que começou com a prisão de integrantes do PT em 2006 com dinheiro que, segundo o Ministério Público, seria usado para a compra de um dossiê contra o então candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra.

A entrevista foi dada na sede nacional do partido, em Brasília, e teve a presença dos líderes do PSDB na Câmara (Carlos Sampaio) e no Senado (Aloysio Nunes Ferreira), além dos secretários do governo de Geraldo Alckmin Edson Aparecido (Casa Civil) e José Aníbal (Energia).

Acusação Contra Tucanos

As acusações contra políticos tucanos vieram a público após a divulgação de um suposto depoimento do ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer que apontava a "existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos [Mário] Covas, [Geraldo] Alckmin e [José] Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM".

Rheinheimer negou posteriormente ser o autor da denúncia. O depoimento diz que Aparecido recebeu propina do lobista Arthur Teixeira, acusado de intermediar o pagamento de comissões de empresas que atuam no mercado de trens. São citados como próximos do lobista mais três secretários de Alckmin: Anibal, Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico), do DEM. Aloysio Nunes (PSDB-SP) também era mencionado como pessoa próxima a Arthur.

Embora dois delegados da Polícia Federal que participam das investigações tenham afirmado que receberam essas acusações do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o ministro da Justiça afirmou depois que recebeu o depoimento das mãos do secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, o também petista Simão Pedro.

A versão visa preservar o Cade, segundo apurou a reportagem. O órgão responsável pela defesa da concorrência, que investiga o cartel no mercado de trens denunciado pela Siemens, tem como presidente Vinicius Carvalho, que foi chefe de gabinete de Simão Pedro e que escondeu essa informação do seu currículo.

Cardozo

Na entrevista desta terça, os tucanos se mostraram indignados com a atuação de Cardozo, Simão Pedro e Carvalho, que também teve sua demissão defendida pelos tucanos. "Esses nomes [os tucanos] que honram a vida pública brasileira não podem ser enxovalhados por denúncias sem qualquer base concreta. [...] Na verdade, o PT faz um mal enorme à democracia", disse Aécio.

"Se a presidente não sabia desse episódio, agora sabe. Ou demite o ministro ou é cúmplice desse dossiê de aloprados", afirmou Aníbal. De acordo com os tucanos, é incompatível com o cargo de Cardozo ter recebido a denúncia fora do ministério, das mãos de um companheiro de partido. Aécio e os demais tucanos não foram tão contundentes quanto Aníbal no pedido de demissão, defendendo claramente apenas seu afastamento das investigações e a análise por Dilma de sua eventual demissão.

Os tucanos também afirmaram que pretendem tentar aprovar a convocação de Cardozo para dar explicações no Congresso, além de representar contra ele na Comissão de Ética Pública da Presidência e, por improbidade administrativa, no Ministério Público Federal. O partido também disse que adotará medidas contra o presidente do Cade e que ingressará na Justiça pedindo reparação dos danos.

"Esse é um episódio "crapuloso", urdido nos subterrâneos da política, [...] estou como Pilatos no Credo, não tenho nada a ver com essa porcaria", disse Aloysio Nunes. Aparecido afirmou que irá processar todos os envolvidos.

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