O discurso reticente de Geraldo Alckmin (PSDB) sobre o Bolsa Família na campanha à Presidência em 2006 foi bastante produtivo para a oposição: ensinou o que não pode ser feito. A tarefa foi levada a sério. Agora, em 2010, o tucano José Serra tem reiterado que, caso seja eleito, irá "fortalecer" e "ampliar" o principal programa social da gestão petista.
A oposição tem bons argumentos para falar a respeito do Bolsa Família. O programa, lançado pelo presidente Lula no início de 2003, é uma junção do programa petista Fome Zero com várias ações de transferência de renda criadas na gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) como o Bolsa Escola, o Auxílio-Gás e o Cartão Alimentação.
A maior prova de que a oposição quer "adotar" o Bolsa Família ocorreu no início de março, quando a Comissão de Educação do Senado aprovou um projeto que prevê um incremento no valor transferido às famílias que tiverem crianças em idade escolar com bom desempenho educacional. O texto, do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi classificado como "eleitoreiro" por parlamentares do PT. O texto ainda tramita no Senado.
Estratégia incerta
Para o cientista político César Zucco, da Universidade de Princeton, a batalha do PSDB pode se revelar frustrada. "Eles foram os responsáveis, mas não sei se relembrar esse tipo de informação vai ter algum resultado perante o eleitorado."
O sociólogo Alberto Carlos Almeida, entretanto, diz que uma defesa veemente do programa pode sim render frutos. "O que a oposição pode fazer de mais útil é duplicar o valor do Bolsa Família." O aumento nos repasses do Bolsa Família teria um impacto reduzido nas contas públicas, diz Almeida. "O programa representa apenas 0,4% do PIB. Elevá-lo para 0,8% não é impossível."
Segundo ele, que já prestou serviços para o PSDB e DEM, o benefício precisa ser mantido porque é fundamental para melhorar a vida das pessoas mais carentes. Além disso, diz ele, as críticas de que o repasse de dinheiro desestimula as pessoas a procurar trabalho não procedem. (RF)
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