A escolha do governador Geraldo Alckmin para candidato do PSDB a presidente da República não surpreendeu o cientista político Roberto Schmitt, da Tendências. Ele destaca, no entanto, que a opção foi ousada, já que o governador paulista partirá de um patamar de votos inferior ao do prefeito José Serra.
- O Alckmin já vinha pleiteando isso há vários meses e se mostrou resoluto, disposto a brigar até o final. Mostra que o PSDB está disposto a arriscar alto nesta eleição. Alckmin tem pela frente um trabalho mais difícil do que fez até agora: se aproximar de Lula e se afastar de Garotinho nas pesquisas para se consolidar na segunda posição - explica Schmitt.
Na opinião do analista, o suspense feito pelo PSDB em torno da escolha do candidato pode ter causado um desgaste dentro do partido, mas nada definitivo.
- Num curto prazo, eu diria que o PSDB ficou com fraturas expostas. Mas daqui até o início da campanha, é tempo suficiente para que as feridas sejam cicatrizadas. E isso vai depender muito da habilidade de Alckmin saber costurar - analisa.
Schmitt ressalta ainda que o apoio de Serra à candidatura de Alckmin será fundamental para dar o pontapé inicial na campanha tucana.
- Pode até ser um apoio meio envergonhado, mas vai ser estratégico para o início da campanha de Alckmin, que é pouco conhecido fora da região Sudeste. Mas à medida que a campanha for esquentando, Alckmin ganhará autonomia e esse apoio será menos importante - explica.
Schmitt atribui os baixos índices de rejeição de Alckmin nas pesquisas de intenção de voto ao fato de ele ser pouco conhecido fora de São Paulo. Quando a campanha começar de fato, diz ele, esse quadro deve mudar.
- Este é um bom pré-requisito. Mas durante a campanha, quando ele começar a dar a cara a tapa, é natural que haja um aumento desta rejeição. Mesmo que seja o candidato mais aceitável ao eleitor médio, por conta da empatia com o publico, Alckmin não pode se acomodar. Ele deve ficar atento pois o que acontece em São Paulo, não necessariamente acontecerá no resto do país.
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