O peso do PSDB na Praça dos Três Poderes, em Brasília, vem incomodando aliados do presidente da República, Michel Temer (PMDB). O estremecimento começou no final do ano passado, com a costura feita pelo Planalto para reeleger Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Câmara dos Deputados, em um cálculo que levou o tucano Antonio Imbassahy para a poderosa Secretaria de Governo. Mas, o ponto máximo do descontentamento de peemedebistas, e também de integrantes do antigo “Centrão”, parece ter sido atingido agora, com a provável nomeação do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso para o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.
O anúncio sobre quem será o novo ministro da pasta ainda não foi feito pelo Palácio do Planalto, mas, nos bastidores, a posse de Velloso é dada como certa. E, embora não seja filiado a partido político nenhum, Velloso seria uma indicação do PSDB, em especial do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional da sigla.
Outros nomes foram cotados para a pasta, inclusive o do deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), levado ao presidente Temer como uma indicação da bancada do PMDB. Mas, ao “virar vidraça”, Pacheco não resistiu: contra ele, pesaram suas críticas de outrora ao poder de investigação do Ministério Público.
Para tentar evitar desgastes do PMDB, o presidente Temer já tenta dissociar a figura de Velloso do PSDB. Na quarta-feira (15), ele começou a espalhar que fará “uma escolha pessoal”, “sem conotações partidárias”, para comandar a Justiça. E, na sua conta no Twitter, chegou a escrever que marcou “diretamente” um encontro com Velloso. “Conversamos privadamente por mais de uma hora. Meu amigo há mais de 35 anos”, pontuou o presidente Temer.
Continuaremos a conversar nos próximos dias. A escolha do novo ministro da Justiça será minha, pessoal, sem conotações partidárias.
— Michel Temer (@MichelTemer) 15 de fevereiro de 2017
Mas nem todos os correligionários devem engolir a explicação. Para parte dos aliados, o PSDB não deveria ter tal espaço.
No desenho inicial da Esplanada dos Ministérios, a pasta da Justiça já era comandada pelo PSDB, via Alexandre de Moraes, que agora se desfiliou do partido e está licenciado do Executivo para ser indicado ao STF. No raciocínio de peemedebistas insatisfeitos, o PSDB já “indicou”, portanto, um nome para a mais alta Corte do Judiciário brasileiro, e deveria “deixar” o ministério desocupado para o partido do presidente Temer, o PMDB.
O ex-tucano Alexandre de Moraes, que é estudioso do Direito Constitucional, foi indicado pelo presidente Temer para a vaga aberta no STF com a morte de Teori Zavascki, em um acidente aéreo, há menos de um mês.
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Novo decreto de armas de Lula terá poucas mudanças e frustra setor
Câmara vai votar “pacote” de projetos na área da segurança pública; saiba quais são
Deixe sua opinião