O PSDB manteve ontem, apesar de todas as críticas que continua recebendo do Democratas, a decisão de indicar o senador paranaense Alvaro Dias para a vice de José Serra. À noite, o presidente nacional dos dois partidos, Sérgio Guerra (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM), se reuniriam para discutir o tema. Mas Guerra deixou claro que não pretendia retroceder.
"Nós trabalharemos para confirmar nosso candidato a vice. Isso é democrático e deve ser visto assim", afirmou o tucano. "Considero natural que o DEM tenha um ponto de vista diferente do nosso. Mas o que deve presidir o nosso roteiro é a preocupação com a vitória de Serra."
Serra vem sendo mantido a distância das negociações com o Democratas, até para evitar desgaste maior na aliança. Ontem, durante o jogo do Brasil na Copa do Mundo, Serra afirmou apenas que a polêmica sobre a escolha de seu vice é "normal" e será resolvida nos próximos dias. O candidato não quis comentar a reação do DEM à indicação de Alvaro.
"Nós vamos ter um bom entendimento ainda. É normal em política que, em certas situações, apareçam algumas dificuldades", afirmou.
Serra assistiu ao jogo do Brasil e Chile num telão na Vila Belmiro, estádio do Santos Futebol Clube. Ele estava acompanhado pelo candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, e pelos candidatos ao Senado, Orestes Quércia (PMDB) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB).
Democratas
Pelo lado do DEM, que tem convenção marcada para amanhã, Rodrigo Maia recebeu carta branca para negociar uma solução política para a crise na aliança com o PSDB. Maia obteve aval até para romper a coligação com o PSDB em torno de Serra se considerar necessário. Apesar disso, dirigentes do partido reconhecem que seria pouco vantajoso para as duas legendas uma ruptura política.
Mesmo assim, o clima continuava tenso ontem. Maia rebateu uma declaração dada por Guerra de que a reação negativa do DEM à indicação de Alvaro Dias para a vaga de vice poderia provocar a derrota de Serra. "Não é a nossa reação que pode provocar a derrota, mas sim a ação do PSDB e do candidato José Serra em fazer essa indicação. A origem do problema foi causada por eles", alegou o deputado.O DEM espera reverter a indicação de Dias, mas poderá aceitar outro tipo de acordo se Serra fizer gestos positivos e públicos na direção do partido, como, por exemplo, pressionar o PSDB a ceder na montagem de palanques estaduais, como são os casos de Sergipe e Pará.
Na avaliação do PSDB, o aliado tem sido contemplado nas amarrações regionais. Os tucanos alegam que apoiam candidatos a governador do DEM em quatro Estados: Bahia (Paulo Souto), Santa Catarina (Raimundo Colombo), Rio Grande do Norte (Rosalba Ciarlini) e até em Sergipe (João Alves), local onde o apoio local do PSDB ao DEM é mais frágil.
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