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A divergência interna parece ser uma marca dos partidos de esquerda no Brasil. Na ordem do dia por conta do sucesso eleitoral da presidenciável Heloísa Helena, o PSOL não foge à regra. Criado por parlamentares expulsos do PT, o PSOL abriga cinco agrupamentos, que vão desde a moderada Ação Popular Socialista (APS), dos deputados federais Maninha (DF) e Ivan Valente (SP), à radical Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), do também deputado Babá.

Os oito parlamentares do PSOL argumentam que, apesar das diferenças, o comportamento é de unidade. Mas os dirigentes do PSOL passaram por um teste que detectou quem é mais ou menos radical que o outro na legenda. Os grupos que têm o apoio de Babá e da também deputada Luciana Genro (RS) derrotaram a tese de apoio ao PDT e a uma composição com o senador Cristovam Buarque, que seria vice de Heloisa Helena.

- Não temos nada contra o Cristovam, mas não dá para apoiar o PDT nos estados. É um partido que em vários lugares está ligado à direita, ao PSDB e ao PT - disse Babá.

Principal nome do partido, Heloísa Helena é do grupo Enlace, uma ala que pode ser considerada de centro dentro do PSOL. Fazem parte dessa corrente os deputados federais João Alfredo (CE) e Orlando Fantazzini (SP). Luciana Genro é integrante do Movimento da Esquerda Socialista (MES). O único parlamentar da bancada do PSOL na Câmara que não segue para nenhum desses lado é Chico Alencar (RJ), que se classifica como um "desacorrentado", em tom de brincadeira.

Mesmo no PT, os oito parlamentares, incluindo Heloísa Helena, faziam parte de tendências de esquerda no partido. No PSOL, alguns deles mantiveram o mesmo nome da corrente da época petista, caso da Ação Popular Socialista. Os políticos do PSOL negam que, por estarem cada um num grupo distinto, haja divergência profunda entre eles.

- São diferenças de pensamento, de ponto de vista sobre atuar no objetivo comum que é a luta pelo socialismo. Há pontos que nos unificam, como a luta contra o capitalismo e contra o governo neoliberal do presidente Lula - disse o deputado Babá.

Chico Alencar afirmou que a diferença entre as tendências do PSOL para as que existem no PT é que no seu atual partido não há o que chama de "caráter autofágico", que seria um grupo se sobrepor e dominar o outro.

- No PSOL, há um caráter democrático e não caciquista, como ainda existe no PT. Há um grau de unidade muito maior no PSOL. As correntes não são tão orgânicas. Aliás, devemos isso ao PT, onde descobrimos que um não pode atropelar o outro. Não era o que faziam lá - disse Chico Alencar.

Luciana Genro considera essas diferenças do PSOL "absolutamente naturais" e disse que são importantes para que o "debate flua". Mas preferiu não prolongar no assunto por considerar ruim para o seu partido.

- Não tem nada a ver com o momento ressaltar as diferenças secundárias do PSOL. Estamos todos unidos - disse a deputada.

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