Jair Bolsonaro dedicou voto ao ex-chefe do Doi-Codi de São Paulo, Carlos Brilhante Ustra.| Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados

A bancada do PSOL na Câmara fará uma denúncia ao Ministério Público contra o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por apologia ao crime.

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No domingo (17), ao votar a favor do impeachment, o deputado exaltou a ditadura e elogiou Carlos Brilhante Ustra, ex-chefe do Doi-Codi de São Paulo, um dos mais sangrentos centros de tortura do regime militar.

Ele é apontado como responsável por ao menos 60 mortes e desaparecimentos em São Paulo durante a ditadura e foi denunciado por mais de 500 casos de tortura cometidos nas dependências do Doi-Codi entre 1970 e 1974.

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A fala de Bolsonaro exaltando a tortura gerou uma avalanche de críticas nas redes sociais. Na ONG Avaaz, plataforma de petições virtuais, foi criada uma petição pela cassação do mandato do deputado. Mais de 91 mil pessoas já assinaram o documento virtual até o início da tarde desta terça-feira.

O mesmo foi feito pelo Coletivo RJ Memória Verdade Justiça, que reúne entidades de defesa dos Direitos Humanos, no site Change.org, e obteve 11.066 assinaturas até o momento.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) criticou o que chamou de “cusparada nos direitos humanos”, uma referência ao cuspe que o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) deu em Bolsonaro, após provocações e xingamentos homofóbicos feitos pelo parlamentar no plenário da Câmara no domingo.

Ele afirmou que não se pode naturalizar a violência cometida pelo deputado, conhecido por declarações de cunho homofóbico e misógino, além da defesa da volta da ditadura militar. Alencar lembrou que o coronel reformado, citado por Bolsonaro em seu voto, foi quem capitaneou as torturas sofridas pela presidente Dilma Rousseff.

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“Foi uma cusparada nos direitos humanos. Vamos encaminhar uma denúncia ao Ministério Público por apologia ao crime de tortura e assassinato, por tudo que o Ustra representa. Ele foi muito ostensivo, muito agressivo, levando em consideração inclusive que o Ustra foi quem capitaneou a tortura da própria presidente Dilma. Não podemos naturalizar esse tipo de violência histórica, apologia e exaltação de um criminoso. É uma vergonha internacional”, criticou o deputado do PSOL.

Os parlamentares também cogitam representar contra Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara. Mas admitem que mesmo a admissibilidade da denúncia pode caminhar a passos lentos. Ele já responde a um processo no órgão por quebra de decoro parlamentar. A representação foi movida por PT, PSOL, PCdoB e PSB por um discurso do deputado, que em dezembro de 2014 ofendeu a deputada Maria do Rosário (PT-RS), dizendo que não a estupraria “porque ela não merecia”.