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“A questão do bloco tem pouca relevância, o importante é a afirmação que não há divergência e que estão todos trabalhando juntos.”
Michel Temer (PMDB, foto), vice-presidente eleito | Ag. Câmara
“A questão do bloco tem pouca relevância, o importante é a afirmação que não há divergência e que estão todos trabalhando juntos.” Michel Temer (PMDB, foto), vice-presidente eleito| Foto: Ag. Câmara

O PT adotou a estratégia de minar, na base, a tática do PMDB de formar um blocão com outros quatro partidos aliados para exigir espaço no primeiro escalão do governo e isolar o partido na disputa pela presidência da Câmara Federal. Após reuniões da cúpula petista que atravessaram a madrugada de ontem, o PT avaliou que o PMDB não sustentará a formalização do bloco com 202 deputados, como anunciou na terça-feira, com o PR, PP, PTB e o PSC.

Mesmo assim, setores do PT chegaram a fazer cálculos e concluíram que, se necessário, poderiam buscar outros partidos da base, PSB, PDT, PCdoB, PV, PMN e outras legendas menores, e formar outro bloco com um número maior de deputados. A reação mostra a guerra fria existente entre PT e PMDB pela hegemonia de poder na Casa e no governo da futura presidente Dilma Rousseff.

A segurança do PT em desativar a arma peemedebista veio com as manifestações de dirigentes partidários, como do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR), e do ex-presidente do partido deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), e de integrantes da cúpula das outras legendas, discordando da criação do blocão.

O líder do PP, João Pizzolatti (SC), concordou em integrar o bloco com o PMDB, com a condição de que o discurso bélico fosse amenizado, depois de constatado que, na bancada, nem todos concordam em afrontar o governo. "Não há nada contra o governo, nada contra o PT nem o compromisso para eleição da presidência da Câmara. O bloco é para garantir espaço no Legislativo", declarou Pizzo­­­latti. O PMDB, com o blocão, ameaçava deixar o PT fora do comando da Casa no próximo mandato.

"Quiseram [o PMDB] colocar a faca no nosso pescoço, mas eles não têm força para isso. Nós concluímos que o melhor era trabalhar dentro dos partidos e deixar o PMDB com a brocha na mão. O bloco durou apenas algumas horas. Agora, o PMDB terá de vir conversar conosco em outros termos", disse um dirigente petista, que participou de diversas reuniões do PT e com integrantes do governo.

Na avaliação feita pela cúpula petista, o PMDB tem dificuldade objetiva para conseguir unidade e concretizar o bloco com tantos interesses diferentes de cada partido. Além disso, os petistas consideram que o PMDB ficou com o ônus político de tentar encurralar a presidente que acabou de ser eleita, fortalecendo a imagem pública de partido fisiologista e chantagista.

Pela manhã, em resposta às cobranças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), convocou os líderes do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), e do governo na Câmara, Cândido Vacca­rezza (PT-SP), para propor trégua. "A questão do bloco tem pouca relevância, o importante é a afirmação que não há divergência e que estão todos trabalhando juntos", disse Temer, após o encontro.

Temer foi um dos principais alvos de críticas de petistas. Eles não engoliram o fato de Temer estar reunido com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, no momento em que PMDB fechava o blocão na Câmara e não ter lhe informado. Dutra só soube da movimentação do PMDB pela imprensa.

Em meio a declarações de apoio irrestrito ao governo, Henrique Alves reafirmou, após a reunião com Temer, que o blocão foi organizado para garantir espaço no governo e na Câmara para os partidos que ajudaram a eleger Dilma. "Haverá respeito absoluto e harmonia com os espaços", disse.

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