A vantagem numérica obtida nestas eleições pela base do presidente Lula pode ser pulverizada em 2010 diante de um dilema que os governistas têm para resolver: encontrar um bom nome que possa ser "vendido" em todos os palanques conquistados.
"O PT não tem nenhum candidato viável para 2010. Mesmo assim o partido está de salto alto. A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) é uma boa administradora. Mas é um biombo, um escudo para o Lula", diz o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB). O maior erro dos petistas, de acordo com ele, foi não ter preparado outro candidato a presidente da República além de Lula. "Por isso acredito que o presidente poderia até aceitar fazer uma coligação e indicar o vice do PT. Mas os partidários não aceitam isso."
Para o cientista político Leonardo Barreto, também da UnB, o PT volta à estaca zero com a derrota de Marta Suplicy na eleição de São Paulo. "Os petistas estavam esperando uma vitória. Sem esse sucesso, não têm um nome de projeção nacional."
Já para a oposição as eleições deixaram mais claro quem é o grande nome para 2010: o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Barreto e Fleischer concordam que Serra se fortaleceu porque conseguiu eleger, com folga, o aliado Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo. Ele fica mais forte dentro do PSDB, segundo os analistas, porque defendeu com sucesso a antiga aliança oposicionista dos tucanos com o DEM.
Já o governador mineiro Aécio Neves (PSDB), outro possível candidato do PSDB para 2010, apostou numa improvável aliança entre tucanos e petistas em Belo Horizonte para apoiar (e eleger)Márcio Lacerda (PSB). (CCL)