Publicamente, o PT procurou desmerecer o “panelaço” de domingo contra a presidente Dilma Rousseff, tachando-o de “fracasso”, “golpe”, gesto da “burguesia”, ato financiado pela oposição. Mas nos bastidores, membros do partido consideraram “grave” o panelaço.

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A avaliação de petistas é que o grupo contrário ao governo de Dilma já tem uma mobilização forte e organizada – a partir de São Paulo – e já ganhou outras capitais. Para piorar, o movimento deixou a elite, ganhou a classe média e pode chegar a outros setores, principalmente de eleitores petistas.

Alguns membros do PT consideraram um erro a atitude de outros partidários de culpar a burguesia, ligar o protesto à oposição e ainda repetir o discurso de que os protestos, cada vez mais fortes, são um terceiro turno . “Tem de ter muita inteligência para enfrentar esse movimento e não ficar falando besteira”, disse uma liderança do PT.

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O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP, foto) , um dos poucos que aceitou falar publicamente, afirmou que a reação ao pronunciamento da presidente demonstra a tensão existente no ambiente político. Ele acredita que a tarefa da legenda é tentar reverter o “processo de envenenamento” existente, marcado por um conteúdo “agressivo e irracional”. “Não dá para minimizar, mas não podemos admitir este tom. Nossa posição tem de ser a de fazer o diálogo”, disse o deputado.

Teixeira é da corrente Mensagem ao Partido, mais crítica aos rumos do PT nos últimos anos. “[A reação ao discurso] é um termômetro que identifica uma anomalia, um processo preocupante”, admitiu o parlamentar.

Uma dificuldade adicional para a presidente Dilma é que nem mesmo dentro do PT o ambiente é favorável às medidas econômicas propostas pelo governo. A avaliação é que o pacote encaminhado ao Congresso para corte de desonerações e reduções de benefícios trabalhistas vai contra ao que foi prometido na campanha por Dilma.