Opinião
Tarefa de Fruet agora é explicar a aliança com antigos rivais
Gustavo Fruet estava ontem, conforme diz a expressão popular, entre a cruz e a espada. Durante boa parte da apuração, pareceu que a chapa que defendia o apoio do PT a sua candidatura seria derrotada. Para Fruet, era a receita para o desastre. Alojado no minúsculo PDT, depois de abandonar dois partidos que não permitiram sua candidatura a prefeito, ficaria isolado e sem estrutura. Sem dinheiro e sem tempo de tevê. Além de tudo, sem militância.
No fim das contas, a articulação dos ministros Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann prevaleceu e, pela primeira vez em 32 anos, o PT não deve ter candidato em Curitiba. Tudo resolvido? Mais ou menos. Agora surge um outro desafio, e nem um pouco desprezível, para Fruet.
Quando deputado pelo PSDB, Fruet era oposição ferrenha a Lula e sua turma. Fez acusações graves, participou de CPIs, acusou os petistas de terem um projeto de poder mais do que uma proposta de governo. E agora vão todos andar de mãos dadas. Argumento mais fácil os seus opositores não podiam esperar.
Dois anos atrás, na sede de ver realizado seu projeto pessoal, Osmar Dias fez percurso quase idêntico. Achou que o Palácio Iguaçu bem valia uma aliança com Requião e com o PT, seus antigos inimigos. Richa não perdoou. O eleitor também não.
Fruet parece ter feito da prefeitura de Curitiba o alvo de sua carreira. Por ela, abandonou o PMDB. Por ela, abandonou o PSDB. Por ela, entrou no PDT e agora aceita uma aliança com o petismo que tanto criticara. O que o eleitor vai achar disso? Só saberemos em outubro.
Rogerio Galindo, colunista da Gazeta do Povo
Ministros evitam caso Cachoeira
As ligações entre a empreiteira Delta, a maior beneficiária de recursos do governo federal nos últimos três anos e o grupo de bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foram tratados com frieza pelo casal de ministros Gleisi Hoffmann (PT) e Paulo Bernardo (PT), ontem, em Curitiba. Eles participaram da votação do diretório municipal do PT para definir pela candidatura própria ou o apoio ao ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT) nas eleições municipais de 2012.
Os militantes do PT em Curitiba decidiram ontem em eleição interna que o partido deve apoiar a candidatura a prefeito de Gustavo Fruet (PDT). Petistas da ala Construindo um Novo Brasil, como os ministros das Comunicações, Paulo Bernardo, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que costuraram a aliança, conseguiram fazer prevalecer a tese de que o partido ganha mais força ao apoiar o pedetista do que lançando candidatura própria.
O placar da votação, contudo, foi apertado, com 57,2% dos 1,9 mil eleitores preferindo a aliança com o PDT. No total, 1.093 filiados apoiaram a coligação com Fruet e 817 preferiram a candidatura própria.
A eleição interna definiu a proporcionalidade no número de delegados que cada ala poderá enviar ao encontro do partido, no fim do mês, que decidirá formalmente sobre o apoio a Fruet. Com o resultado da votação, a ala que defende a coligação com o PDT terá direito de indicar 172 dos 300 delegados.
Os militantes que defendem a coligação alegam que o PT não tem um candidato com chances reais para concorrer. E dizem que a eleição de um aliado facilitaria a candidatura de um possível governador petista em 2014.
Responsabilidade
Fruet declarou ainda na noite de ontem que a decisão petista de apoiá-lo "aumenta a responsabilidade" que tem no processo eleitoral. Diante do fato de que no dia 28 de abril os delegados indicados ainda vão oficializar a posição do PT ele evita dar como absolutamente certa a coligação.
O deputado estadual Tadeu Veneri, que pretendia se candidatar à prefeitura de Curitiba pelo PT, reconhece que a derrota na eleição interna foi por um porcentual superior ao esperado. "A gente esperava ter uns 950 votos e conseguimos 817. Muita gente deixou de votar", diz. Dos 2,6 mil filiados aptos a participar da eleição, 1,9 mil compareceram às urnas. "Mas não foi fácil para lado nenhum. Foi preciso fazer campanha de verdade", conta.
Pelo Facebook, o deputado federal Dr. Rosinha, também pré-candidato pelo PT, disse que o trabalho se concentrará agora em tentar mudar a opinião de ao menos 23 delegados indicados pela ala pró-Fruet.
Força ministerial
Os ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo estiveram em Curitiba e reafirmaram que a aliança com o PDT já no primeiro turno faz parte da "estratégia nacional" do partido. Bernardo afirmou que a aliança é a melhor forma de fortalecer o PT no estado, sem "a politica restritiva" de alianças que teria prejudicado o partido em outras eleições. "O mesmo pessoal que briga, no bom sentido, contra as alianças facilitou que o então candidato a prefeito Beto Richa (PSDB) pudesse fazer aquela grande votação em 2008", comparou. Bernardo disse ainda que acordo com Fruet e o PDT inclui apoio recíproco para as eleições ao governo do estado em 2014.
O ministro garantiu que teve carta branca do ex-presidente Lula para negociar a aliança em uma conversa de uma hora com o ex-presidente na semana passada em São Paulo.
Para Gleisi, a candidatura própria era importante no início da vida pública do PT, mas que hoje, depois de três mandatos no governo federal, "o mas importante é consolidar o projeto da legenda a longo prazo".
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