Cotado para compor o staff econômico da ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, caso ela vença as eleições, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, avalia que o gradualismo na política de redução da inflação no governo Luiz Inácio Lula da Silva permitiu que o País acelerasse o crescimento da economia, sem que o Banco Central (BC) pesasse a mão na dosagem das taxas de juros. Essa estratégia só foi possível porque a meta de inflação foi mantida no patamar "realista" de 4,5%.
Barbosa defende essa linha de atuação de política econômica em artigo que escreveu para o livro "2003-2010, o Brasil em Transformação", que está sendo lançado pela Fundação Perseu Abramo no 4º Congresso do PT, que acontece em Brasília até amanhã, quando Dilma será aclamada candidata do partido à sucessão do presidente Lula.
Para Barbosa, a questão-chave na dosagem das taxas de juros é a definição da velocidade com que a inflação converge para o centro da meta, uma mudança que, em alguns momentos, colocou em lados opostos o Ministério da Fazenda, conduzido por Guido Mantega, e o BC, de Henrique Meirelles. "Se você tentar reduzir a inflação muito rapidamente, você põe a economia estagnada. Se tentar reduzir a inflação muito devagar, tem mais crescimento, mas tem o risco de a inflação não cair. Entre esses dois extremos é que é preciso administrar a política monetária, e foi o que fizemos", avaliou.
A tese do secretário é que, a despeito das análises de oposicionistas que identificam semelhanças entre a política econômica de Lula e a dos dois governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), há muitas diferenças. Barbosa afirma que a atual gestão, de fato, manteve a estrutura iniciada no governo tucano: metas de inflação, câmbio flutuante e metas fiscais.
Mas o que diferencia - e o que considera como o ponto que explica as taxas de crescimento econômico bem mais elevadas a partir de 2006 - é a forma como o governo Lula praticou essa política. Ele lembra que desde 2003 o atual governo adota uma postura pragmática de administrar os extremos na condução da política macroeconômica.
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