O deputado José Dirceu (PT-SP) está tentando, na reunião do Diretório Nacional do PT, em São Paulo, com a ajuda do Campo Majoritário, evitar que o ex-tesoureiro Delúbio Soares seja expulso do partido, conforme pede o relatório da Comissão de Ética que analisou sua atuação na formação do caixa 2 que financiou campanhas eleitorais de 2002 e 2004.
Dirceu defende que Delúbio seja apenas suspenso por um ou dois anos. João Felício, que é membro do Diretório Nacional, o deputado professor Luizinho e o ex-deputado Paulo Rocha chegaram à reunião na sede do partido também contra a expulsão.
- Acho hipocrisia punir o Delúbio por causa do caixa dois. O caixa dois é uma prática em todos os partidos. Sou contra sua expulsão - disse Felício.
Professor Luizinho, que pode perder o mandato porque um de seus assessores sacou R$ 20 mil do esquema de Delúbio e Marcos Valério, disse que não se sente prejudicado pelo ex-tesoureiro e acha que ele merece até elogios do partido por seu conduta até agora. Já o ex-deputado Paulo Rocha, que renunciou ao mandato sob a ameaça de ser cassado por ter sacado R$ 920 mil do valerioduto, afirmou que não se sente prejudicado pelo ex-tesoureiro.
Do lado oposto ao de Dirceu está o grupo do presidente interino Tarso Genro, que deseja a expulsão de Delúbio, até como punição exemplar. O senador Aloizio Mercadante afirmou que vai votar pela expulsão do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. O partido vota neste sábado o relatório do Comitê de Ética, que pede a expulsão.
- É um preço doloroso para o PT - disse Mercadante, acrescentando que Delúbio deve ser expulso porque as operações irregulares não foram comunicadas ao diretório do partido.
A expectativa é de que o processo de expulsão do ex-tesoureiro seja colocado em votação ainda na tarde deste sábado na reunião do Diretório, inclusive com a presença de Delúbio, que comparecerá à reunião nesta tarde. Ele terá 20 minutos para fazer sua defesa.
O ex-tesoureiro do PT disse que vai olhar nos olhos de cada um dos petistas que votarão por sua expulsão, dizendo a eles que todos no partido foram beneficiados pelo caixa 2 que organizou.
Antes da votação, Delúbio terá direito a voz na reunião do Diretório e terá se defender por vinte minutos. Durante a semana, ele foi pressionado por dirigentes petistas a sair do PT espontaneamente. Segundo dirigentes petistas, Delúbio tem uma carta de renúncia pronta desde o início da semana, mas reluta em entregá-la. Ele avalia que está sendo vítima da hipocrisia de antigos companheiros que se beneficiaram do dinheiro de caixa dois obtido pelo ex-tesoureiro e agora dizem que não sabiam de nada. Altos dirigentes do PT chegaram a anunciar ontem a saída espontânea do ex-tesoureiro, mas tiveram que voltar atrás.
- Ele disse queria ir ao diretório e olhar nos olhos de quem votará por sua expulsão - disse uma fonte petista que conversou com Delúbio.
Outro ponto polêmico da reunião deste sábado é a punição aos sete parlamentares petistas acusados de envolvimento com o esquema operado pelo ex-tesoureiro e pelo publicitário Marcos Valério. Até o início da noite de sexta-feira, o deputado José Pimentel (PT-SE), chefe da comissão de sindicância criada para analisar a situação dos deputados, ainda não tinha decidido se apresentaria seu relatório.
- Ainda vamos decidir. A prioridade agora é a posse da nova direção - desconversou Pimentel, às 20h de ontem, ao sair de um encontro do Campo Majoritário acompanhado do ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA), que renunciou ao mandato no início da semana.
Segundo dirigentes petistas, todos os deputados envolvidos na sindicância haviam enviado as informações requeridas semana passada e Pimentel só não apresentará o relatório se não quiser. De acordo com esses dirigentes, um texto prévio já foi redigido e isenta todos os deputados de responsabilidade. O argumento é que os parlamentares sacaram dinheiro das contas do publicitário Marcos Valério por orientação de Delúbio e, portanto, não sabiam que se tratava de recursos irregulares.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, beneficiado com o dinheiro de Marcos Valério, é um dos que disseram, na sexta-feira, não saber a origem dos recursos.
- É claro que eu não sabia. A fonte conhecida era a tesouraria do diretório nacional do PT - disse João Paulo.
Já Paulo Rocha, que recebeu R$ 920 mil, disse saber que o partido fazia captações de recursos irregulares para saldar dívidas de campanha.
- Sabíamos que o partido estava captando recursos para o pagamento de despesas não contabilizadas. A legislação nos permitia legalizar isso mais tarde - disse Rocha.
À tarde ele chegou a dizer que "todo mundo" sabia da existência de despesas não contabilizadas. Depois, recuou.
- Não posso dizer se os outros sabiam.
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