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Brian de Palma no lançamento de seu novo filme no Festival de Cinema de Veneza | Reuters/Gazeta do Povo
Brian de Palma no lançamento de seu novo filme no Festival de Cinema de Veneza| Foto: Reuters/Gazeta do Povo

Brasília – Ainda sob efeito do julgamento que colocou 11 nomes ligados ao partido no banco dos réus por envolvimento com o mensalão, começou ontem o 3.º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), em São Paulo. Presidente da legenda no Paraná há seis anos e meio, o deputado federal André Vargas explica que um dos focos do encontro será a discussão dos rumos após 2010, quando acaba o governo Lula. Membro do Campo Majoritário, mesma corrente do deputado cassado José Dirceu, ele se posiciona como um dos emergentes que podem aparecer como "azarões" na próxima eleição para presidência do partido, que ocorre no ano que vem. Para Vargas, entretanto, os favoritos na disputa são o atual presidente, Ricardo Berzoini, e o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci.

O congresso do PT começa logo após o STF acatar denúncia contra vários membros do partido envolvidos no mensalão. Como está o moral dos petistas para o encontro?É uma daquelas coincidências que a gente tem dificuldade de acreditar que é coincidência. Vamos fazer um congresso, que está marcado há um ano e que caiu logo depois desse episódio. É lógico que isso interfere. Mas temos que lembrar que ainda estamos sob a interferência da vitória na reeleição do Lula. Fizemos também a maior votação para a Câmara dos Deputados na história. O que nos move é o futuro, não a crise.

O José Dirceu está definitivamente fora dos planos do partido?Ele é um militante. Foi cassado, mas permanece com a filiação partidária. Continua dando opinião e tem esse direito. Temos respeito pela história dele. Mas é lógico que não está nos planos incluí-lo agora no rol de dirigentes do PT. Não é o caso e ele próprio não quer. Até porque vai gastar toda energia para defender-se do processo no STF. Desejamos que ele tenha sucesso.

Como o partido vai se comportar durante o julgamento dos envolvidos no mensalão?Nós imaginávamos que o STF não ia ser suscetível à pressão, mas foi. Há uma quantidade de outros processos contra políticos, aí sim tratando de roubo de dinheiro público, que estão paralisados no Supremo. O PT tem que cobrar a mesma presteza em relação ao mensalão para esses casos.

Se o Ricardo Berzoini não se candidatar à reeleição para a presidência do partido qual é a tendência: buscar um "emergente" ou um nome que já seja popular?O Ricardo tem todo o direito de tentar a reeleição. Mas qualquer candidato, incluindo ele, tem que querer ser presidente do partido. Tem que se apresentar para a militância como alguém que tem vontade. Esse negócio de ser "convocado" para o cargo não cabe mais no PT. Precisamos lançar um nome que tenha penetração principalmente em São Paulo. O candidato deveria sair de uma frente, que reunisse pelo menos 70% do partido. Os problemas que aconteceram conosco atingiram nossas lideranças mais importantes, dentro do Campo Majoritário. Em conseqüência disso, outras lideranças se alinharam mais à esquerda do PT, no grupo do Tarso Genro. Ainda assim, o nosso grupo é o maior, mas sem lideranças. Nós temos emergentes, como o Marco Maia (relator da CPI do Apagão Aéreo), o Cândido Vacarezza, de São Paulo. Só que o ideal seria tentar antes um nome mais conhecido, como o Berzoini ou o Antônio Palocci.

Você se encaixaria nesse bolo de emergentes, gostaria de se candidatar?O povo fala que eu seria uma alternativa. Acho que tem uma fila: o Berzoini, depois o Palocci e depois os emergentes. Entre esses últimos, todo mundo tem legitimidade. Vai de quem tiver mais trânsito entre as forças. Eu ainda sou um nome só de bastidores, sei das minhas limitações. Mas sou presidente estadual do partido, deputado federal.

O PT está preparado para uma eleição presidencial sem o Lula?Acho que pode não estar, mas se prepara para isso. O Congresso ocorre com oito meses do segundo mandato. Há uma avaliação positiva do que já fizemos, mas temos desafios pela frente. O PT não pode admitir que o fato de fazermos parte de uma coalizão possa nos levar a um governo mais conservador. Devemos é ter um governo mais avançado do que foi no primeiro mandato. Isso significa mexer com algumas estruturas. A construção da próxima candidatura está no desafio de irmos melhor no segundo mandato. É verdade que houve diminuição da pobreza, que as políticas sociais foram ampliadas. Mas também é verdade que precisamos dar condições para que o Brasil cresça de fato. Apoiamos o governo Lula, mas o PT tem que ter pauta própria, tem que ter um programa próprio, que não é só o do governo.

Dá para citar nomes?Temos lideranças muito fortes. O Jaques Wagner (governador da Bahia) tem força no Nordeste. O ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) atualmente não é muito forte. A ministra Dilma Roussef e o Tarso Genro são nomes de sempre... Olha, e o Paulo Bernardo é um dos ministros mais importantes do Lula.

Ou seja, pode despontar um azarão...Ele seria uma segunda frente. É um nome qualificado, que ainda teria que se fortalecer. Mas tem mais gente da coalizão, como o Nelson Jobim (ministro da Defesa). Só que fica a pergunta: ele vai ter uma articulação no PMDB? Também tem o Ciro Gomes, do PSB. Dá para ter mais de um nome, porque deve ser uma eleição de dois turnos.

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