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Incerteza sobre Orlando Pessuti agrava impasse

Outro componente que contribui para a indefinição do cenário eleitoral no Paraná são as dúvidas quanto ao potencial eleitoral do governador Orlando Pessuti. Ele quer ser candidato à reeleição e tem o apoio do presidente do PMDB no Paraná, Waldyr Pugliesi, mas não é uma unanimidade dentro da própria legenda.

O PMDB é o maior partido do Brasil e do Paraná. Comanda cerca de 130 prefeituras no estado e tem aproximadamente 750 vereadores. Tem também a maior bancada na Câmara Federal – 89 dos 513 deputados –, o que garante a maior fatia no programa eleitoral gratuito. Isso tudo coloca o PMDB em uma posição de destaque em qualquer disputa. "Não temos vocação para sermos acessórios e não queremos ir a reboque de ninguém. Se alguém quiser fazer parceria com a gente, estamos de portas abertas", declara Pugliesi.

Por enquanto, as pesquisas eleitorais colocam Pessuti com menos de 6% das intenções de voto para o governo do estado. "Até agora ele não mostrou densidade eleitoral nenhuma", aponta Ricardo de Oliveira, da UFPR. Pugliesi rebate. "As fragilidades estão somente na oposição." Outro obstáculo que Pes­­suti precisa vencer é um possível boicote promovido pelo ex-governador Roberto Requião (PMDB), que não estaria muito satisfeito com o troca-troca de cargos no governo estadual. Requião é candidato ao Senado e há possibilidade de ele incentivar o apoio de correligionários a José Serra e Beto Richa.

O contrato "pré-nupcial" entre PT e PDT no Paraná, que chegou a ser enterrado por ambos os lados no começo deste mês, será alvo de nova rodada de tratativas nos próximos dias. E com mudança entre os negociadores. Por causa das divergências entre os caciques regionais dos partidos, as cúpulas nacionais vão assumir o comando das conversas. A expectativa em torno do casamento – ou ruptura – é grande, pois uma definição entre pedetistas e petistas pode acelerar a formação das demais alianças para disputar o governo do Paraná.

Em nível nacional, PT e PDT têm um relacionamento estável há pelo menos quatro anos. Antes disso já haviam se unido em outras ocasiões. Mas, no Paraná, quase sempre estiveram em campos opostos e aí se mantém desde a primeira gestão de Jaime Lerner (1994-1998), que na época era pedetista. O histórico de divergências, portanto, é longo. Mas o interesse dos dois partidos em superá-las também é grande: o PDT pretende montar uma chapa competitiva no Paraná e por isso precisa da estrutura de um grande partido; o PT quer garantir um palanque forte no estado para a pré-candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff.

Os protagonistas do casamento dos dois partidos, no entanto, não se entenderam. O senador Osmar Dias (PDT) pretendia ter Gleisi Hoffmann (PT) como vice na chapa para o governo do estado. O plano petista é o de lançar Gleisi ao Senado. O impasse parecia insolúvel e 20 dias atrás os comandos estaduais anunciaram o fim das tratativas. Na sexta-feira passada, a tensão aumentou. A possibilidade de Dilma vir a Curitiba, não encontrar Osmar Dias e somente cumprir a agenda organizada por Gleisi preocupou dirigentes partidários em Brasília. A visita foi cancelada. A explicação oficial é que Dilma tinha que gravar programas partidários em São Paulo e por isso cancelou a programação na cidade.

Esse nó entre petistas e pedetistas paranaenses pode ser desatado nos próximos dias. "Vamos dar mais uma demonstração de que queremos a aliança", diz o deputado federal André Vargas, secretário nacional de comunicação do PT. Os interlocutores da nova conversa serão Carlos Lupi, ministro do Trabalho e presidente nacional do PDT, e José Eduardo Dutra, presidente nacional do PT.

"É uma situação inédita em que partidos sem tradição de coligação no Paraná precisam um do outro, mas não conseguem encontrar o caminho para viabilizar isso. Também não querem romper definitivamente, porque há muita coisa em jogo", observa Ricardo de Oliveira, professor de Ciência Política da UFPR.

"Inimigo"

Petistas e pedetistas têm outro incentivo para se jogarem nos braços uns dos outros: a pré-candidatura de Beto Richa (PSDB) ao governo do estado. "Sempre hou­­­­ve diferenças entre PT e PDT no Paraná. Mas, na política, um dos fatores que leva à construção de alianças é o fato de ter um adversário em comum. Neste caso, o inimigo aparenta ser Beto Richa", diz Oliveira. Richa e Osmar são os favoritos para o cargo de governador, segundo pesquisas eleitorais recentes – o tucano tem uma vantagem de alguns pontos sobre o pedetista.

Richa confirmou a disposição de concorrer ao Palácio Iguaçu ao renunciar à prefeitura de Curitiba, no fim de março. Ao tomar tal iniciativa, selou o fim da grande aliança PSDB-PDT-DEM-PPS que tinha se consolidado no Paraná nos últimos quatro anos. O DEM regional está dividido entre o apoio a Richa ou a Osmar Dias, candidato preferencial do presidente da legenda no Paraná, Abelardo Lupion. Mas a maioria dos integrantes do diretório regional tende a seguir o tucano. A avaliação do PPS é distinta: se Osmar e Beto não estão juntos, a opção é lançar a candidatura de Rubens Bueno, presidente estadual da legenda, ao governo do estado.

No PP, um parceiro essencial pela força que possui no interior do estado, o posicionamento não é tão claro. O senador Fran­­cisco Dornelles (PP-RJ) vem sendo citado como um possível vice na chapa encabeçada por José Serra (PSDB) à Presidência da República, o que levaria o partido a uma composição com Ri­­cha. Mas essa união não deve ocorrer, pelo menos por enquanto. "É um convite honroso, mas não tomaremos nenhuma decisão agora. O partido tem ministério no governo Lula e somos da base aliada. A tendência é não nos coligarmos nacionalmente", afirma Ricardo Bar­­ros, presidente estadual e vice-presidente nacional do PP. O objetivo pessoal dele é disputar o Senado, mas não há definição quanto à chapa. "Estou fazendo meu trabalho. As coisas ainda não estão bem definidas, mas é até normal. As convenções só são em junho."

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