Na campanha para tentar eleger o senador Aloizio Mercadante governador de São Paulo, o PT priorizará cinco pontos considerados "frágeis" do PSDB, há 15 anos no comando do governo do Estado. No documento com as diretrizes da campanha, previsto para ser discutido e aprovado nesta semana, o PT apontará as falhas dos adversários nas áreas de saúde, educação, segurança pública, transporte e desenvolvimento regional.
"O PSDB está dando sinais de desgaste no governo de São Paulo. Os parâmetros nessas áreas vão mal. O dinamismo econômico poderia ser melhor, a educação está medíocre e a segurança pública é lamentável", afirmou o prefeito de Osasco, na região oeste da Grande São Paulo, Emídio de Souza (PT), coordenador da campanha de Mercadante.
Na educação, o PT pretende centralizar as críticas na recente greve dos professores da rede pública e na política de pagar bônus salariais à categoria, cujo objetivo, na avaliação do partido, é dividir a classe. "A situação é grave. A maioria dos professores está há cinco anos com apenas 5% de reajuste. Aqueles que não conseguem 20% de aumento em provas de avaliação só podem prestar outra a cada quatro anos. Isso dividiu os professores", avaliou o pré-candidato do PT ao governo paulista.
A polícia é outra categoria insatisfeita na qual a sigla pretende buscar votos no Estado. Para combater os tucanos, a agremiação usará as constantes paralisações e ameaças de greves de policiais durante a gestão do ex-governador José Serra (PSDB) e indicadores que demonstram o aumento dos índices de criminalidade no Estado, principalmente em cidades do interior.
O PT vai propor o resgate da imagem da polícia, a exemplo do que foi feito com a Polícia Federal (PF) durante o mandato de Lula. "Precisamos equipar a polícia com tecnologia avançada e aumentar salários. O delegado de Polícia Civil de São Paulo tem o salário mais baixo do País", afirmou o líder do partido na Assembleia Legislativa (Alesp), Antonio Mentor. "Falta capacidade de diálogo ao governo tucano e sobra autoritarismo", disse Emídio de Souza.
Saúde e transportes
Na área de saúde, a proposta é bater de frente contra a recusa do governo estadual em não assinar convênios com o federal para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a construção das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). No Estado, a administração federal tem feito acordos diretamente com as prefeituras para adotar os programas. "São Paulo não tem uma relação republicana na área da saúde", criticou Mercadante. "É o único Estado que não assinou os convênios", disse Mentor.
No setor de transporte, a sigla atacará em duas frentes: a situação caótica do trânsito na capital paulista e região metropolitana e as dificuldades nas obras feitas pelos tucanos para tentar reduzir esse obstáculo. Falhas e atrasos nas obras de ampliação do metrô e na construção do Rodoanel Mário Covas serão expostas na campanha.
Os petistas querem propor ainda políticas de desenvolvimento regional para o interior, justamente onde tem mais força o ex-governador, ex-secretário de Desenvolvimento do Estado e pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB), adversário de Mercadante. "O crescimento econômico está centralizado na Grande São Paulo e nas regiões metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista", avaliou o senador. "Sem o fomento ao desenvolvimento regional, vários municípios paulistas sofreram evasão demográfica."
"Estafa"
Além dos pontos estruturais, a agremiação aposta ainda que, politicamente, há uma "estafa" do eleitor em relação aos tucanos. "Não tenho dúvida que o povo paulista já demonstra estafa em relação ao PSDB. Eles não têm nada de novo para apresentar ao eleitor", disse o líder do PT na Alesp. "É o mesmo grupo político no comando de São Paulo desde 1983", completou Mercadante, incluindo o período dos governadores do PMDB, André Franco Montoro (1983-1987), Orestes Quércia (1987-1991) e Luiz Antônio Fleury Filho (1991-1995), que precederam os tucanos.
Sobre o desempenho de Alckmin nas pesquisas eleitorais, bem à frente do pré-candidato do PT, Emídio de Souza avalia que o cenário é reversível. "Alckmin não é imbatível. Só é mais conhecido. Em 2008, ele começou a campanha em primeiro lugar para a Prefeitura, mas terminou em terceiro", avaliou.
As diretrizes da campanha petista serão avaliadas na reunião do diretório estadual do partido, quinta e sexta-feira. O texto final será apresentado no sábado, durante encontro estadual para oficializar as pré-candidaturas de Mercadante a governador e da ex-ministra do Turismo Marta Suplicy a senador, evento que deve contar com a presença de Lula e da pré-candidata a presidente Dilma Rousseff.
As propostas para essas diretrizes serão ainda discutidas em 12 seminários temáticos a serem realizados o Estado a partir de maio. As discussões servirão de base para o programa de governo do PT, previsto para ser apresentado em agosto.
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