O PT está dividido quanto à melhor estratégia para tentar reverter o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Ex-ministros próximos de Dilma e senadores do PT defendem que ela se comprometa com eleições antecipadas, por meio de um plebiscito ou com uma proposta de emenda constitucional para convocar novas eleições. Mas uma ala do partido, que inclui o ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos mais próximos do ex-presidente Lula, afirma que esse caminho não tem apoio dos movimentos sociais.
Esse grupo quer que Dilma se comprometa a fazer um governo em novas bases, cumprindo o programa defendido nas eleições de 2014, que não inclui o ajuste fiscal implementado por ela depois de reeleita. Seria uma espécie de nova “carta ao povo brasileiro”, mas com acenos para a base social petista, e não para o mercado, como fez Lula nas eleições de 2002.
Os petistas apostam no desgaste do governo interino de Michel Temer , tanto pela Operação Lava Jato quanto pelo que chamam de “desmonte” dos programas sociais. Para o partido, no entanto, isso não seria suficiente para reverter o processo de impeachment e recuperar a legitimidade de Dilma. “Eu simpatizo com a ideia de que, diante do impasse político, chamar o povo para participar é a melhor saída”, afirmou um ex-ministro próximo de Dilma, defendendo novas eleições.
Segundo integrantes do PT, entre os movimentos sociais, só o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) concorda com novas eleições. Já a Frente Brasil Popular e a maior parte da Central Única dos Trabalhadores (CUT) consideram que essa saída seria se render ao que chamam de “golpe”.
“Isso (novas eleições) dividiria nosso movimento. O mandato da presidente é legítimo. Espera-se é uma mudança no estilo dela, que passa pela aplicação do programa de governo da eleição de 2014, e não o que ela vinha praticando, de ajuste em cima de setores populares. Apostamos que a derrota sofrida contribua para isso”, afirmou Gilberto Carvalho.
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