Na primeira reunião da Executiva Nacional do PT depois que Ricardo Berzoini (SP) reassumiu a presidência do partido, na noite desta segunda-feira, foram evitados temas polêmicos, como o que fazer com os chamados aloprados que se envolveram na compra de um dossiê contra tucanos. O assunto não entrou na pauta oficial, embora houvesse ainda a possibilidade de ser abordado por algum dos integrantes.

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Outros assuntos, no entanto, ganharam destaque, como a eleição para a presidência da Câmara, sobretudo depois das declarações de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que, durante debate entre os candidatos, também nesta segunda, disse que o PT não pode concentrar muito poder no Executivo e no Legislativo.

A declaração de Aldo irritou os petistas e esse acabou sendo o primeiro assunto tratado pelos membros da executiva. Na entrada da reunião, porém, ninguém quis dar entrevista. O encontro, fechado para a imprensa, deve produzir um documento até o final da noite.

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Os petistas também discutem o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado na semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dirigentes do partido estão preocupados com a repercussão política do plano. Governadores têm criticado as obras propostas pelo governo federal argumentando que não foram discutidas nos estados. Além disso, empresários também sentiram falta de um ajuste fiscal.

Na avaliação dos petistas, é preciso que o governo saiba como transmitir o conteúdo do programa à população. Eles também querem articular uma divulgação para os militantes.

Na reunião, não faltaram críticas à política econômica do Banco Central no corte de juros, mas o tema não deverá constar do documento final. Os petistas consideraram "tímido" o corte de juros promovido pela entidade. Na semana passada, dois dias depois de Lula lançar o PAC e falar em crescimento, o BC reduziu a queda da taxa Selic, mas o corte foi de apenas 0,25 pontos percentuais, contra 0,50 que vinha sendo mantido desde o ano passado.

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), saiu da reunião no intervalo e confirmou que a Executiva não trataria mesmo da participação dos chamados aloprados na construção do dossiê contra tucanos:

- É um assunto de importância menor. Temos questões mais concretas para tratar - disse Fontana, acrescentando que os envolvidos estão com suas filiações partidárias suspensas.

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A idéia inicial era abrir na comissão de ética do partido um procedimento sobre o destino dos petistas Expedito Veloso e Oswaldo Bargas, dois dos envolvidos no escãndalo do dossiê. Suas filiações, ao contrário do que disse Fontana, ainda não estão suspensas.

Na reunião, os dirigentes petistas mais alinhados ao Planalto amenizaram também as críticas à política de juros e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Fontana disse que provavelmente o documento da executiva não abordará essa questão.

- O importante é que estamos em processo de queda (dos juros). Não temos que fulanizar esse debate.

Segundo o líder, a discussão central da reunião é o PAC.