Partido fará campanha por reforma política
Um dos eixos principais da convenção nacional do PT foi o lançamento de uma campanha da sigla pela reforma política. De acordo com a proposta apresentada neste sábado, o partido anunciou que fará um "Plebiscito Popular", organizado por entidades da sociedade civil, e que seria realizado na Semana da Pátria neste ano perguntando se a população deseja que seja convocada uma Constituinte Exclusiva para a reforma política.
A proposta já havia sido apresentada por Dilma em cadeia nacional de rádio e televisão no ano passado, logo após as manifestações de junho. Na época, a presidente enviou uma proposta de plebiscito ao Congresso. Logo em seguida, o governo teria desistido da ideia da Constituinte Exclusiva. O presidente do PT, Rui Falcão, colocou a culpa pela demora no Congresso, que teria "engavetado" a proposta.
A proposta de reforma política defendida pelo PT é baseada em quatro pontos: financiamento público e exclusivo de campanha, voto em lista para o parlamento, aumento da participação feminina no processo político, e a Constituinte Exclusiva.
O PT lançou ontem oficialmente a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição centrando fogo nas "medidas impopulares" anunciadas pelo candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG). O partido retomou ainda a promessa de fazer um plebiscito para instalar uma Constituinte Exclusiva, encarregada de fazer a reforma política no Brasil. A candidatura à reeleição foi lançada em convenção nacional realizada em Brasília.
Em seu discurso, Dilma não mencionou nominalmente os adversários, mas disse que seu objetivo é derrotar candidatos que queiram "voltar ao passado". E afirmou que precisa de mais quatro anos para consolidar as mudanças feitas pelos governos do partido. "Por mais que a nossa década tenha vencido os legados perversos das décadas perdidas, essa década não poderia resolver todos os problemas que vinham se arrastando de décadas passadas", afirmou.
O ex-presidente Lula também discursou e defendeu a continuidade de Dilma, pondo mais água fria no movimento que pedia que ele fosse o candidato do partido neste ano. "A gente vai provar que é possível uma presidenta e um ex-presidente terminarem o seu mandato sem que haja nenhum atrito entre os dois, numa demonstração de que é plenamente possível um criador e a criatura viverem juntos em harmonia", disse.
Críticas
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, deu o tom da campanha ao afirmar que a eleição será difícil e atacar duramente os tucanos aparentemente vistos pelo PT como principal ameaça à reeleição de Dilma. "Afastemos qualquer ilusão de vitória fácil. A maré conservadora tenta se espraiar pela sociedade e precisa ser barrada com vigor e coragem", disse.
O senador tucano afirmou que o próximo governo teria de tomar medidas duras e impopulares para recolocar a economia nacional nos eixos. Mas nunca revelou quais seriam, em sua opinião, essas medidas. Falcão insinuou que o pacote tucano de medidas poderia "mudar a política do salário-mínimo, promover desemprego, provocar choques, cancelar direitos, debilitar o Bolsa Família, cortar subsídios do BNDES e do Minha Casa Minha Vida".
Clima de 1989
O PT conclamou ontem a sua militância a retomar o clima da campanha presidencial de 1989, primeira disputa de Lula pela Presidência. "Que as nossas bandeiras desfraldem para o país, nas ruas, nas escolas, nas fábricas, nos campos, em todos os locais de trabalho e convivência, nossa visão de futuro para o Brasil", afirmou Rui Falcão.
O discurso petista insiste em que a proposta do partido é "continuar mudando" para levar o país a uma "plena liberdade e igualdade". O slogan exibido na convenção era "Mais Mudança, Mais Futuro" e o jingle, um forró, anuncia que "O que está bom vai continuar/O que não está a gente vai melhorar". O jingle, intitulado "Coração Valente" afirma que Dilma "nunca desviou o olhar do sofrimento do povo".
Em entrevista durante a convenção, o secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, também deixou claro que o partido pretende insistir na ideia de participação popular. Um decreto da presidente criou um sistema de consultas populares, mas o Congresso Nacional pressiona a petista a recuar.