Numa manobra para tentar evitar a votação de convocações na CPI da Petrobras de petistas ilustres, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o PT está há quase quatro horas segurando o ritmo de votações na sessão que começou na manhã desta quinta-feira, 14.
Apesar dos protestos da oposição, estão sendo votados apenas os requerimentos considerados prioritários pelo relator Luiz Sérgio (PT-RJ). O relator decidiu ler e votar individualmente cada pedido, para irritação dos oposicionistas.
A CPI está votando 60 requerimentos de convocação, audiências públicas, solicitações de informações e documentos, além de visitas técnicas. Ao final da votação, 54 pessoas devem chamadas a depor. Já foram aprovados os requerimentos de convocação do presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antonio Gustavo Rodrigues, e Leonardo Meirelles, do Laboratório Labogen. O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco foi reconvocado numa das sub-relatorias.
Autor do requerimento contra Janot, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) abriu a sessão anunciando que entregará denúncia ao Conselho Nacional dos Ministério Público (CNMP), à Polícia Federal, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas da União (TCU) contra a Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposta contratação irregular de assessoria de imprensa para “vazar” dados da Operação Lava Jato.
“Essa é uma denúncia muito grave. Qualquer um de nós que tivéssemos contratado um amigo nosso, estaria preso. Ele contratou a empresa de um amigo, que hoje é do gabinete dele e não acontece nada?”, questionou Paulinho. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) rebateu. “Isso é retaliação”, disse.
A oposição passou toda a reunião criticando o modelo de votação adotado nesta manhã e acusou o PT de obstrução da sessão. Como os membros da CPI ouviram 13 depoentes presos em Curitiba nesta semana, não foi possível fazer a tradicional reunião prévia da comissão para triar os pedidos. E, como o relator tem prioridade na votação dos requerimentos, o petista acabou ditando o ritmo da votação, que se estendeu por toda a manhã. Requerimentos idênticos, como da convocação de Cristina Palmaka e Ricardo Kummel Medina, da Sap Brasil, foram votados duas vezes em momentos diferentes.
A cada votação, os colegas de bancada faziam questão de comentar os requerimentos. “Queria registrar minha posição favorável ao requerimento”, repete a todo instante o deputado Afonso Florence (PT-BA). “O (requerimento) do procurador-geral está motivando essa reação política”, admitiu Florence.
Além de novos convocados, foi aprovada a realização de uma audiência pública com Jorge Celestino Ramos, Fábio Lopes de Azevedo, Francisco Carlos Oriá Fernandes, Paulo César Ribeiro e Ascendino Dias C. Filho sobre as refinarias Premium 1 e 2 da Petrobras.
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), criticou o “cabo de guerra político” entre PSDB e PT. “Esse debate aqui em nada contribui para a investigação”, atacou.
Num dos momentos acalorados do debate sobre a postergação da votação, o peemedebista se irritou. “Não vou mais gastar energia para acalmar o jardim da infância”, protestou o deputado, dizendo-se envergonhado por ser o parlamentar mais novo da CPI e ter de chamar a atenção dos colegas pelo comportamento. “Não vou dizer a pessoas mais velhas que eu o que deveriam fazer”.