Em um único dia, o PT perdeu duas cadeiras no Senado e viu as divergências internas acentuadas desde o apoio dado pelo presidente Lula a José Sarney (PMDB-AP) , aumentarem ainda mais. Como já vinha sendo especulado desde a semana passada, a senadora Marina Silva (agora sem partido-AC) anunciou a saída do PT e se disse livre para ingressar em outra legenda. Já o senador paranaense Flávio Arns (PT) declarou que pedirá à Justiça Eleitoral sua desfiliação, porque ficou envergonhado com o arquivamento, apoiado pelo PT, das denúncias contra Sarney no Conselho de Ética.
Com as duas saídas anunciadas ontem, a bancada petista cai de 12 para 10 senadores, mas continua como a quarta força na Casa atrás de PMDB, DEM e PSDB. A desfiliação de Marina Silva, no entanto, pode representar um prejuízo maior ao partido, já que é grande a chance de a ex-petista filiar-se ao PV para disputar a Presidência da República nas eleições de 2010. Ontem, porém, ela não confirmou se aceitará o convite do PV. "Não seria ético, não seria justo conversar com outros partidos antes de me desfiliar do PT", declarou. "Agora vou estar em conversação com o PV, obviamente respeitando o calendário eleitoral." Para concorrer às próximas eleições, as filiações partidárias devem ocorrer até o início de outubro.
Em entrevista coletiva, Marina disse que a decisão foi sofrida e a comparou com o fato de ter deixado a casa dos pais há 35 anos rumo a uma cidade grande. "Não se trata mais de fazer embate dentro de um partido em que eu estava há cerca de 30 anos, mas o embate em favor do desenvolvimento sustentável", afirmou. Segundo a ex-petista, o PV já assegurou que esse será o tema prioritário do partido, se ela ingressar na legenda.
Na carta em que comunicou sua desfiliação ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, Marina alegou que tomou "uma decisão que exigiu coragem para sair daquela que foi até agora a minha casa política e pela qual tenho tanto respeito, mas estou certa de que o faço numa inflexão necessária à coerência". Em resposta à ex-petista, Berzoini disse que não pedirá a ela que entregue o mandato de senadora ao PT. "Tendo em vista a maneira como ela dialogou com o partido, as alegações dela sobre as angústias pessoais em relação à política, seria inadequado fazer esse pedido judicial", declarou.
Após a entrevista, Marina chorou ao ouvir um poema declamado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), no qual ele afirmou ter respeito pela decisão da senadora.
Repercussão
O secretário-geral do PV do Paraná, Francisco Martin, afirmou que a possível vinda de Marina para o partido reforçará a candidatura própria da legenda na disputa pelo governo do estado no ano que vem. Com a filiação da ex-petista, ele prevê que o partido ganhe força para eleger até quatro deputados estaduais e seis federais. "O partido se mobilizou por essa vinda, que reforça e facilita nosso trabalho aqui no estado", argumentou.
Do lado petista, a presidente do partido no Paraná, Gleisi Hoffman, lamentou a saída de Marina, a quem classificou como grande liderança e referência nacional dentro do PT. Para Gleisi, a desfiliação da senadora deve prejudicar a candidatura da ministra Dilma Rousseff à presidência. "Talvez tenhamos cometido um erro há tempos atrás e não conseguimos superá-lo. A Marina pode, sim, tirar votos da Dilma", disse.
Explosões em frente ao STF expõem deficiências da inteligência de segurança no Brasil
Barroso liga explosões no STF a atos de bolsonaristas e rechaça perdão pelo 8 de janeiro
Autor de explosões em Brasília anunciou atos nas redes sociais, se despediu e deixou recado à PF
Governo quer usar explosões para enterrar PL da anistia e avançar com regulação das redes
Deixe sua opinião