Integrantes do governo e do PT se mobilizaram nesta segunda-feira para impedir a abertura de uma frente de investigações que tenha como alvos principais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou que a proposta de envolver Palocci e Lula nas investigações sobre uma suposta doação do governo de Cuba à campanha do presidente em 2002 é uma "forçação de barra".

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A resposta efetiva às denúncias deve vir do PT. O presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que o partido decidiu processar a revista "Veja", que publicou a reportagem em que a suposta doação foi denunciada. Berzoini disse que será apresentada uma queixa-crime contra a revista por calúnia e difamação. Já a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e o deputado Maurício Rands (PT-PE) tentaram desqualificar a denúncia, argumentando que não foram apresentadas provas.

- A reação da oposição é um reflexo do acirramento que já existia antes mesmo do surgimento das novas denúncias. Eles já deixaram claro que querem centrar suas baterias no presidente Lula em razão do clima pré-eleitoral. Vamos continuar agindo como atuamos até aqui, no sentido de manter o foco de nossas investigações - disse Ideli, titular da CPI dos Correios.

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EX-ASSESSOR DE PALOCCI VAI DEPOR EM CPI

No fim de semana, após a publicação da reportagem de "Veja", a oposição atacou o governo. O líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse que Lula corre o risco de não concluir o mandato. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou que o PSDB vai se associar ao PFL numa representação no Ministério Público para que sejam investigadas as contas de campanha de Lula. O PPS também entrará com representações contra Lula e o PT no Ministério Público Federal e na Justiça Eleitoral.

Quem também entrou na mira da oposição foi o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A reportagem de "Veja" se baseia em informações de dois ex-assessores de Palocci na administração de Ribeirão Preto. Um deles, Vladimir Poleto, já foi convocado e vai depor no dia 8. O outro, Rogério Buratti, teve sua convocação pedida nesta segunda-feira por Arthur Virgílio, que apresentou requerimento para que sejam ouvidas todas pessoas citadas na reportagem, entre elas o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o deputado José Dirceu (PT-SP), que na época da suposta doação era presidente do partido.

PFL QUER CONVOCAR PALOCCI

Virgílio apresentou ainda um convite pedindo que o diplomata cubano Sérgio Cervantes apresente sua versão sobre o episódio, já que foi identificado pela revista como um dos intermediários da doação. Até agora, Palocci está fora da lista, mas Virgílio diz que ele deve ser ouvido.

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- O Palocci será convocado com o meu voto, mas só depois que essas pessoas ligadas a ele confirmarem as denúncias contra o ministro. Isso mostra a minha postura de sobriedade diante de denúncias tão graves - justificou Virgílio.

Já o vice-presidente do PFL, senador José Jorge (PE), considera inevitável a convocação de Palocci:

- Não dá mais para adiar essa convocação. O requerimento convocando Palocci já foi apresentado. O máximo de concessão que podemos fazer é aguardar o depoimento de Poleto e Buratti para depois votarmos o requerimento.

EX-ASSESSORES NÃO VIRAM DINHEIRO

A reportagem da revista "Veja" diz que o PT teria recebido dólares de Cuba para financiar a campanha presidencial de 2002. A revista não conseguiu provas da entrada dos recursos no país, mas, baseada em entrevistas com Buratti e Poleto, conclui que o dinheiro teria chegado por Brasília, em duas caixas de uísque e uma de rum. De lá, teria sido levado a Campinas num avião de um empresário amigo de Palocci e entregue em São Paulo ao então tesoureiro do PT Delúbio Soares. Tanto Buratti quanto Poleto, porém, dizem que não viram em qualquer momento o dinheiro e que teriam tomado conhecimento da remessa através de Ralf Barquete, outro ex-assessor de Palocci, morto em junho de 2004.

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