Lula pede para o partido se reinventar para ter condições de chegar forte na eleição de 2018.| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Diante do risco de ter o debate político esvaziado no 5.º Congresso do PT, que começa nesta quinta-feira (11) em Salvador, dirigentes do partido vão propor a realização de um novo encontro em novembro para reestruturar a legenda. Entre as propostas estão a escolha de uma nova direção, o fim da eleição direta interna e a extinção do posto de tesoureiro da sigla – as finanças ficariam a cargo de uma gestão coletiva.

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Desde 2006, a Secretaria de Finanças do PT viu dois de seus tesoureiros serem presos após denúncias de corrupção – Delúbio Soares, condenado no mensalão, e João Vaccari Neto, alvo da Operação Lava Jato, que investiga esquema de desvio de dinheiro na Petrobras.

A proposta de um “congresso constituinte” em cinco meses será apresentada por diversas lideranças do PT, encabeçadas pela Mensagem ao Partido, segunda maior tendência petista.

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Para os simpáticos à proposta, que inclui parte do Movimento PT e de outras tendências mais à esquerda, o novo congresso servirá para que a legenda discuta “um plano atualizado para o Brasil” e escolha “uma direção com mais musculatura política” para coordenar a mudança que, segundo eles, o PT precisa passar.

Nos bastidores, o ex-presidente Lula tem reclamado já há algum tempo sobre a direção do PT, principalmente nos estados. Para ele, os quadros não são qualificados para fazer o debate político diante da maior crise já enfrentada pela legenda.

“Precisamos revisitar o modelo organizativo do PT, a relação do partido com a militância e com o governo”, afirmou à reportagem o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), um dos dirigentes da Mensagem. “É como se já tivéssemos cumprido o programa que propusemos e, agora, precisamos começar um novo ciclo”, completou.

Segundo a reportagem apurou, no entanto, a cúpula do PT não acredita que será possível realizar um novo congresso ainda este ano e avalia que a proposta não terá adesão da maioria do partido.

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Congresso

A partir desta quinta até sábado (13), 800 delegados petistas se reúnem em Salvador para discutir os novos rumos do partido -oito teses estão inscritas para o debate.

Da abertura, na noite desta quinta, participam a presidente Dilma Rousseff, que mudou a agenda em Bruxelas para chegar a tempo ao evento, e o ex-presidente Lula, que agiu pessoalmente nos últimos dias para amenizar as duras críticas que setores do PT preparavam para fazer a Dilma e à política econômica de seu governo.

A presidente embarcou na manhã desta quinta, em Bruxelas, em um voo para Salvador a tempo de acompanhar a abertura do congresso. Ela foi sucinta ao comentar o evento.

“Eu acho que o congresso vai ser importante para o PT, um momento de reflexão”, afirmou em entrevista coletiva aos jornalistas, após participar da cúpula entre a União Europeia e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribe (Celac). Questionada pela reportagem por que é hora de refletir, ela limitou-se a responder: “Porque é um momento de reflexão”.

O partido está no auge daquela que talvez seja a maior crise de sua história, com notável aumento de sua rejeição, o governo mal avaliado e dirigentes acusados de corrupção pela Operação Lava Jato, que investiga desvios de dinheiro e pagamento de propinas na Petrobras.

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Afetado pela forte crise de imagem, o PT vê até ameaçada a eleição em cidades do Nordeste em 2016, região que garantiu a reeleição de Dilma em 2014.

Apesar de ter conseguido em alguns casos, grupos mais à esquerda e uma dissidência da ala majoritária ainda mantiveram muitas críticas nos documentos que serão apresentados no congresso.