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O diretório estadual do PT em São Paulo vai entrar com representação no Ministério Público pedindo investigação sobre os pagamentos mensais efetuados há dois anos pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), por prestação de serviços de comunicação, à empresa de um blogueiro antipetista.

Reportagem da Folha de S.Paulo publicada no último sábado mostra que a Appendix Consultoria, contratada como prestadora de serviços de comunicação para a Secretaria de Estado da Cultura, criada pelo advogado e blogueiro Fernando Gouveia há dois anos, recebe dos cofres estaduais R$ 70 mil por mês para atualizar o portal e os perfis da secretaria nas redes sociais.

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Gouveia, que usa o pseudônimo Gravataí Merengue na internet, se apresenta como “CEO”, ou executivo principal, do site Implicante. Com quase meio milhão de seguidores no Facebook, o site difunde notícias, artigos, memes, vídeos e montagens contra petistas. Gouveia também colabora no site Reaçonaria, de mesmo perfil.

A Appendix foi subcontratada pela agência Propeg, uma das três que cuidam da propaganda do governo estadual. O governo alega que a responsabilidade pela contratação não é sua, mas da Propeg.

Em nota, a agência afirmou que subcontrata a Appendix para atender demandas do governo. Mas não respondeu quem indicou a empresa nem o motivo pelo qual recorre ao blogueiro em vez de fazer ela mesma o serviço.

Para o PT, Gouveia poderia ser o beneficiário de uma triangulação financeira para financiar ilicitamente interesses de integrantes do governo paulista.

“Os fatos envolvendo a subcontratação e o desrespeito ao objetivo do contrato original apontam indícios de desvios de recursos públicos, que podem, em tese, tipificar prática de crime contra a administração pública e ato de improbidade administrativa”, diz o partido, em nota.

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Outro lado

A reportagem ainda não conseguiu contato com Gouveia. Na semana passada, ele afirmou que suas opiniões pessoais, expressas na internet, não têm relação com as atividades da sua empresa.

O blogueiro ressaltou que a Appendix não é contratada diretamente pelo governo estadual, mas sim pela Propeg. “A Appendix não apenas atualiza Facebook, Twitter e o portal da Secretaria de Cultura, mas também produz conteúdo para redes sociais e faz criação e design de partes do portal”, disse Gouveia.

Nesta quarta (22), o governador Geraldo Alckmin defendeu a contratação da Appendix.

“O governo contratou uma empresa para prestar serviço. Aliás, bons serviços prestados à Secretaria da Cultura, área que tem muito demanda com museus, pinacoteca, orquestra sinfônica. E as redes sociais são cada vez mais relevantes. A empresa está prestando bons serviços, corretamente feitos”, disse Alckmin.

Em fevereiro, a empresa ganhou como sócia a jornalista Cristina Ikonomidis, que chefiou a comunicação da Secretaria da Cultura por mais de dois anos e exercia a função quando a Appendix começou a trabalhar para a pasta.

De acordo com documentos oficiais, pelo menos uma das ordens de serviço que liberaram pagamentos à Appendix foram assinadas pelo também jornalista Juliano Nóbrega, então número dois da Subsecretaria de Comunicação do Palácio dos Bandeirantes e marido de Cristina.

Indagado sobre a militância virtual de Gravataí Merengue, Alckmin não comentou, afirmando que considerações sobre o caso seriam feitas pelo secretário da Casa Civil, Edson Aparecido.

“Não há nenhuma relação do governo com o fornecedor final”, afirmou Aparecido, referindo-se à subcontratação da Appendix por meio da agência Propeg. “Se ele [Fernando Gouveia] tem um blog com as opiniões dele, não cabe ao governo policiar”, completou.

Embora o governo do Estado diga que a responsabilidade pela contratação da Appendix é da Propeg, relatórios oficiais mostram que a empresa de Gouveia presta contas diretamente à Subsecretaria de Comunicação, que é responsável por verificar as informações e autorizar os pagamentos.

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