Governista de ocasião
PMDB foi fiel na votação do mínimo
Agência Estado
No início do ano, o PMDB já havia dado demonstração de fidelidade ao Planalto na votação unânime da bancada pelo salário mínimo de R$ 545. Na época, o líder alertou que essa unidade poderia ser usada de forma contrária ao governo, se o partido julgasse conveniente. E foi o que ocorreu com a emenda do PMDB ao Código Florestal, que dá anistia aos desmatadores.
Essa estratégia resulta numa constante ameaça velada a qualquer momento, o PMDB poderá dar outra demonstração de "independência". No dia seguinte à votação do Código, o partido fez questão, no entanto, de marcar sua posição governista. A bancada atuou em peso para derrubar todos os requerimentos de convocação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, apresentados pela oposição.
Para se tornar um dos principais interlocutores junto à base, Henrique Alves conta com a ajuda involuntária do desgaste do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), no processo que levou à aprovação do Código. Na lista de quem ganhou e quem perdeu, Vaccarezza aparece como um dos principais derrotados.
O PMDB deverá se fortalecer ainda mais na votação do Código no Senado. A estratégia é dar respaldo ao texto já aprovado e defendido pela sigla na Câmara.
Os peemedebistas planejam indicar o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) como o principal relator do projeto. Ex-governador de Santa Catarina, ele tem uma posição claramente favorável à proposta da Câmara, articulada pelo PMDB da Casa.
O partido se empenha em inviabilizar, desde já, qualquer pretensão petista de lançar candidato à sucessão de Marco Maia (PT-RS). O PT e o PMDB dividiram a presidência da Câmara em um acordo, no qual cada partido comandaria a Casa por dois anos.
O PMDB não confia no aliado e teme uma disputa, em 2013, quando será eleito um novo presidente. O candidato peemedebista para o comando da Câmara é o deputado Henrique Eduardo Alves, que conseguiu reunir a base aliada na votação do Código Florestal contra o governo e agradou à maioria.
Apesar de ter a maior bancada na Câmara Federal, com 88 deputados, o PT escancarou na votação do Código Florestal, semana passada, as divisões internas e o isolamento em relação ao resto da base aliada do governo Dilma Rousseff. Enquanto isso, o PMDB fortalece a estratégia de se transformar na principal força na Casa.
Paralelamente à disputa por espaço com o PMDB, o PT deixou de contar com o alinhamento automático de legendas historicamente afinadas PCdoB, PDT e PSB dão sinais de que querem funcionar cada vez menos como satélites do PT.
O PMDB, com 79 deputados, tem trabalhado para ficar próximo de siglas governistas como o PTB, o PR e o PP que, juntas, somam 179 votos o problema é que em certas votações, como no caso do Código Florestal, ruralistas do DEM e do PSDB juntam-se a esse bloco e fazem quase 300 votos entre 513 deputados.
A força do PMDB e aliados que não são íntimos do PT permitiu que o líder peemedebista, Henrique Eduardo Alves (RN), reunisse a base em torno de um acordo que permitiu a votação do Código Florestal, agradando à maioria e excluindo o PT. Neste cenário, Dilma poderá vir a se tornar refém do partido do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP).
A estratégia já preocupa o PT. Dirigentes petistas estão assustados com o fato de o partido estar perdendo espaço para o PMDB. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT), que estava no exterior, não foi sequer consultado sobre a data de votação do Código Florestal, definida pelo PMDB, na semana anterior, em uma costura com os aliados e a oposição. Cabe ao presidente colocar os projetos na pauta.
Enquanto Henrique Alves conversa com os líderes da base, o líder petista, Paulo Teixeira (SP), tem pouco trânsito junto aos aliados. Ele não consegue unir sua própria bancada. Isso se revelou na votação do Código, quando o PT rachou e 45 deputados votaram a favor do texto projeto do relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e 35, contra. Em contrapartida, o PMDB mostrou coesão e unidade com o partido todo votando a favor.
Um interlocutor de Dilma admitiu as divisões petistas e fez uma analogia para explicar o que está ocorrendo: "É como se estivessem levando para um almoço de família uma briga que só diz respeito a dois irmãos. Eles deveriam resolver o problema antes de ir para o almoço. O PT está criando dificuldades para a base, para a família da coalizão partidária do governo, porque Vaccarezza, Marco Maia, Paulo Teixeira e Palocci falam línguas políticas diferentes."
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