São Paulo (AE) O PT suspendeu oficialmente até terça-feira o pagamento de todas as dívidas contraídas até 2004. O equivalente, sem juros, multa ou correção a R$ 20,4 milhões, valor declarado ao Tribunal Superior Eleitoral. Na prática, porém, nenhuma parcela desse débito foi quitada desde o início do ano, admitiu ontem o novo tesoureiro da legenda, José Pimentel. Sem revelar o tamanho real do buraco, que não inclui as contas do partido nos estados e municípios, ele já tenta renegociar "com mais de 10 credores" prazo e condições para retomar os pagamentos.
Segundo Pimentel, na terça-feira, durante reunião da executiva nacional do partido, será fechado um plano de reestruturação das finanças do PT, daí a suspensão formal dos pagamentos. Segundo ele, estes devem ser formalizados nesse mesmo dia. Mas a crise petista é mais profunda. O secretário-geral, Ricardo Berzoini, deixou claro que a legenda só retomará suas obrigações "dependendo do fluxo" de caixa. Ele também atacou a direção anterior, substituída no último fim de semana por causa das denúncias de compra de apoio ao governo Lula na Câmara dos Deputados.
Foram substituídos José Genoíno (presidente), Delúbio Soares (tesoureiro), Sílvio Pereira (secretário-geral) e Marcelo Sereno (secretário de comunicação). "Houve falta de planejamento algum grau de descontrole das empresas." Para Berzoini, o PT mantém sedes, equipamentos e fez despesas com eventos que poderiam ter sido menores. "Não é possível um partido viver com déficit grande e buscando contribuições eventuais (da iniciativa privada)", afirmou.
Os dirigentes não deram detalhes de como irão enxugar as despesas, mas todos os contratos da legenda com fornecedores e prestadores de serviço também serão renegociados, completou Berzoini. "Mantemos o pagamento das obrigações administrativas e aquelas de menor valor", disse José Pimentel. O atraso dos salários de funcionários do partido, porém, é recorrente.
De acordo com o tesoureiro, as dívidas do PT dizem respeito basicamente a restos da campanha de 2004. "O pagamento dos fornecedores de 2005 estão todos em dia", insistiu. "Nossos problemas são as dívidas de 2004. Estamos discutindo taxas de juros, cláusulas de multas, o que pudermos fazer para ter o menor valor possível."
Somadas as dívidas dos diretórios de todo o país, o rombo supera R$ 70 milhões, segundo estimativa extra-oficial. Pimentel negou que o partido vá fazer um leilão das dívidas entre os credores, trocando desconto por antecipação de pagamento. "Não estamos discutindo nesse patamar", afirmou.
Em seguida destacou que o partido "vai honrar todos os seus compromissos". Ele se recusou a avaliar a gestão anterior, nas mãos de Delubio Soares. "Isso quem vai analisar é a executiva."
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