Depois de descobrir que o PT pagou passagens aéreas para viagens internacionais no valor de pelo menos R$ 42 mil para o marido da ex-prefeita Marta Suplicy, Luís Favre, para o então tesoureiro do partido Delúbio Soares, em fevereiro de 2004, e para a mulher do então presidente do PT, José Genoino, Rioco Kayano, a executiva nacional do PSDB decidiu ontem entrar com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar suspender os repasses de recursos do Fundo Partidário para os petistas. A medida foi sugerida pelo senador tucano Álvaro Dias (PR), que obteve cópias das notas emitidas pela agência de turismo do Banco do Brasil. A executiva nacional já aprovou a idéia.

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No dia 5 de fevereiro de 2004, Favre e Delúbio viajaram para Madri. Cada uma das passagens custou ao PT R$ 9.874,36. A mulher de Genoino fez uma viagem para Pequim no dia 19 de abril do ano passado. Com escala em Frankfurt, na Alemanha, as passagens custaram ao PT R$ 22.828,13. Segundo o senador Álvaro Dias, essas viagens teriam sido custeadas com recursos do fundo partidário.

As três viagens não foram as primeiras descobertas pela oposição ao governo no Congresso esta semana. No domingo, reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" mostrou que o PT pagou com dinheiro do fundo partidário, que é abastecido por recursos públicos, passagens aéreas para os filhos, as noras, um genro e uma neta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na virada de 2002 para 2003, período de transição governamental.

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Os documentos mostram que o partido também pagou passagens aéreas para a mulher e a filha do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

- Os recursos do Fundo Partidário são públicos e o patrimônio público não pode ser misturado com o privado. Ainda mais em se tratando de viagens de familiares. Além de ilegal, isso é imoral - afirmou ontem o senador tucano.

O PSDB e o PFL já haviam entrado com uma representação no TSE para suspender os repasses do fundo partidário. O recurso foi adotado quando o publicitário Duda Mendonça, responsável pelas campanhas do presidente Lula, do então deputado Genoino ao governo de São Paulo, de Aloizio Mercadante ao Senado, e de Benedita da Silva ao governo do Rio, admitiu na CPI dos Correios ter recebido R$ 10 milhões do empresário Marcos Valério na conta da Dusseldorf, uma offshore aberta por ele, no Bank Boston em Miami.

- O que fica claro é que o PT usou esses recursos para toda e qualquer coisa, inclusive para os interesses privados dos dirigentes petistas - afirmou o vice-líder do PSDB na Câmara, Eduardo Paes (RJ).