O operador Alexandre Romano afirmou ter repassado parte dos valores que recebeu por intermediar o contrato entre a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (Sinapp) e o Ministério do Planejamento para o Partido dos Trabalhadores (PT). Romano está preso na carceragem da Polícia Federal desde a última quinta-feira (13), quando foi deflagrada a 18.ª fase da Operação Lava Jato.
Acusado de ter arrecadado e distribuído cerca de R$ 40 milhões em propina por ter beneficiado a empresa Consist num convênio, Romano afirmou ter feito depósitos a pedido de vários petistas, como Paulo Ferreira, marido da ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social; e do ex-presidente do PT Luiz Gushiken, falecido em 2013.
Disse ainda que a “ajuda” no Ministério do Planejamento teria sido dada por Valter Correia da Silva, hoje secretário de Gestão do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) – Silva foi chefe da Assessoria Especial para Modernização da Gestão (novembro de 2012 a fevereiro de 2015), secretário-executivo adjunto (fevereiro de 2011 a novembro de 2012) e secretário de Gestão (de 2005 a 2007) do Ministério do Planejamento.
Em depoimento prestado à Polícia Federal, Romano afirmou que passou a atuar em favor da Consist – empresa investigada por fazer repasses a empresas de fachada sem prestação efetiva de serviços – em 2009 por indicação do consultor do Sinapp e ex-presidente do PT Luiz Gushiken. Em 2010, Romano procurou o consultor oferecendo pela indicação metade dos pagamentos que receberia da Consist, como “retribuição”.
Gushiken teria pedido que os pagamentos fossem direcionados ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, mas como Romano não concordou com os repasses, ficou acertado que duas empresas receberiam o pagamento: o escritório de advocacia de Guilherme Gonçalves, advogado ligado ao PT, e a empresa Politec. Romano admitiu que as empresas não prestaram qualquer serviço e só receberam repasses a pedido de Gushiken.
O escritório Portanova Advogados também recebeu valores da Consit a pedido do ex-secretário de Relações Institucionais do PT, Paulo Ferreira. De acordo com Romano, Paulo Ferreira lhe procurou “de forma autônoma, pedindo repasses ao escritório Portanova para ajuda-lo”.
“Por qual razão Alexandre Romano sentia-se compelido a oferecer a Luiz Gushiken parte de seus honorários? E por qual motivo a atuação de Alexandre Romano junto à Sinapp, ABBC e Consist justificava, na visão de Luiz Gushiken, repasses ao Partido dos Trabalhadores?”, questionou a PF ao pedir a conversão da prisão de Romano em preventiva.
O juiz federal Sergio Moro deve decidir ainda nesta t erça-feira (18) se converte a prisão temporária de Romano em preventiva ou libera o operador.
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