Brasília (AE) Notas fiscais anexadas à prestação de contas de 2003 do Diretório Nacional do PT entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que o partido pagou com dinheiro de sua conta do Fundo Partidário passagens aéreas para os filhos, as noras, um genro e uma neta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na virada de 2002 para 2003, período de transição governamental. Os documentos mostram que a sigla também bancou passagens para a mulher e a filha de outro ilustre petista, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci.
As notas fiscais foram requisitadas pela CPI dos Correios. Até agora, os ministros do TSE não aprovaram essas contas. O Fundo Partidário, que ajudou a bancar as passagens, é financiado com recursos públicos.
As faturas do PT mostram que quase todas as viagens aconteceram em dezembro de 2002 e tinham Brasília como origem ou destino. Elas começam no dia 12. Naquela data, embarcaram do Aeroporto de Congonhas para a capital federal Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do presidente, e sua mulher, Carla Adriane. As notas indicam que eles voltaram no mesmo dia. A passagem de ida de cada um saiu por R$ 443. A de volta, por R$ 839. Luiz Cláudio, outro dos filhos de Lula, fez igual trajeto no mesmo dia, também acompanhado da namorada, Talita.
Ainda no mesmo dia, Sandro, outro dos filhos do presidente, partiu de Brasília rumo a São Paulo, ao lado da namorada, Marlene Araújo. No dia seguinte, retornou a Brasília. Três dias depois, foi a vez de Marlene voltar à capital federal. As notas fiscais não registram a primeira ida de Sandro a Brasília. No dia 23, uma semana depois, ele e a namorada voaram novamente de Congonhas para Brasília. A maioria dessas passagens custou R$ 848 por pessoa, em cada trecho voado.
Lurian Cordeiro, a filha mais velha de Lula, acumulou mais milhas. Ao lado do marido e da filha, partiu no dia 13 de dezembro de Florianópolis, fez escala em São Paulo e desembarcou em Brasília. Dez dias depois, ela foi a São Paulo e depois ainda voltou a Brasília no dia 30, às vésperas da posse do pai. Só retornou a Florianópolis em 6 de janeiro de 2003. A filha e o marido voltaram antes, no dia 23 de dezembro.
Palocci
No caso da mulher e da filha de Palocci, as passagens foram de São Paulo para Ribeirão Preto, também no dia 23. Os documentos registram ainda que a filha de Palocci se hospedou com o pai no Hotel Sofitel, no dia 20. O PT pagou R$ 367 pela diária.
Assinados pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares, cópias dos cheques do partido, que também estão na prestação de contas, mostram que todas as passagens foram pagas com recursos da conta 140808-9 no Banco do Brasil. Segundo o TSE, é a conta que recebe recursos do Fundo Partidário.
Para o ex-ministro do TSE Torquato Jardim, o PT não poderia ter comprado passagens para familiares de Lula e de Palocci já que, conforme a legislação eleitoral, o dinheiro do fundo partidário tem de ser gasto com despesas de pessoal.
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