Pela primeira vez na história, o PT assumirá o cargo de prefeito de Curitiba. A vice-prefeita Mirian Gonçalves tomará posse no próximo dia 18 para substituir interinamente o prefeito Gustavo Fruet (PDT) que viajará ao Japão. Será também a primeira vez de uma mulher no comando da capital parananense. "É uma conquista que vem da história de luta das mulheres e que tem uma forte simbologia", comenta a vice-prefeita. "A participação de nós mulheres no executivo ainda é pequena e precisamos aumentar isso em todos os âmbitos, mas especialmente na política".

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Freut comunicou nesta quinta-feira (9) que passará uma semana em Tókio para participar de uma série de reuniões para captação de recursos para investimentos na capital paranaense e para estudar novas soluções de transporte e urbanismo.Ainda que a permanência de Gonçalves à frente da prefeitura vai durar apenas uma semana, se trata sem dúvida de um momento histórico, já que o PT nunca conseguiu eleger um partidário ao cargo de prefeito e sempre apresentou um nome nas últimas eleições.

Um "momento mágico", define o presidente municipal do PT Jonny Stica. "É um ato importante, algo inédito e iremos prestigiá-lo. Mas não devemos esquecer que nós já estamos na gestão desde o primeiro de janeiro. Ainda que seja um ato simbolicamente importante para o nosso partido, o que nós realmente importa é que a população avalie positivamente a administração da qual somos parte".

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Após uma série de derrotas nas urnas, o PT resolveu mudar de estratégia nas últimas eleições municipais e escolheu apoiar a candidatura do Gustavo Fruet, ex-adversário do partido na Câmara dos Deputados, em Brasília, quando ainda militava no PSDB. Uma contradição que, durante a última campanha eleitoral, foi bastante explorada pelos adversários Luciano Ducci (PSB) e Ratinho Júnior (PSC).

A única vez em que o PT chegou perto da prefeitura foi em 2000 quando o atual deputado federal Angelo Vanhoni perdeu no segundo turno pelo atual secretário estadual do Planejamento, Cássio Taniguchi.

2014

Embora a posse de Gonçalves seja apenas um ato simbólico, isso poderá inclusive beneficiar a eventual candidatura da ministra-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann às próximas eleições para governador. "Esse momento vai sinalizar qual será o provável futuro do Paraná, com uma mulher petista no governo", aponta Sérgio Braga, professor de Ciências Políticas da UFPR. "A escolha de Miriam serviu para limpar o terreno para a Gleisi. Eu acho que o PT vai crescer ainda mais, ainda porque o governo Richa parece um picolé de chuchu. É um governo sem tempero e sem identidade. Richa parece o síndico de um prédio, não tem visão estratégica, parece que foi contaminado pela passada gestão do Ducci".

Segundo Braga, a estratégia do PT de integrar a chapa de Freut, abrindo mão da candidatura de um próprio partidário, deu certo e está fortalecendo o PT em Curitiba. "Hoje em dia o PT não é mais um partido que enfrenta resistências, é um partido moderado que passou a integrar o status quo e a rejeição se concentra numa pequena porcentagem da população de classe média".

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Mirian Gonçalves

Vice-prefeita de Curitiba a partir do dia 1° de janeiro de 2013, Mirian Gonçalves é advogada trabalhista e militante do Partido dos Trabalhadores. Natural de Tupi Paulista, no interior de São Paulo, Mirian atua há vários anos na defesa do direito dos trabalhadores e na luta pelos direitos humanos.

A advogada de 51 anos aprofundou sua formação acadêmica e especializou-se em Direitos Humanos em Huelva, na Espanha, e adquiriu o título de mestre em Direitos das Relações Sociais na UFPR.