Fora dos planos oficiais dos tucanos na corrida eleitoral deste ano, o senador Romeu Tuma (PTB) deve disputar a reeleição em São Paulo em voo solo, afastado da chapa estadual encabeçada pelo PSDB. A decisão de lançar o parlamentar à vaga, sem o apoio do principal aliado no Estado, foi tomada no início de abril e ratificada em reunião da Executiva Estadual do PTB, no último fim de semana. Sob a chancela do presidente nacional da sigla, o ex-deputado Roberto Jefferson, os petebistas definiram como "irreversível" a disputa pela reeleição de Tuma e marcaram para a segunda quinzena de maio o lançamento de sua pré-candidatura.
A falta de espaço para o ex-delegado na coligação do PSDB levou o PTB a desembarcar da chapa tucana, quebrando uma aliança de 14 anos no Estado. O divorcio entre aliados, contudo, será circunscrito apenas à disputa pelo Senado. O PTB não pretende lançar candidatura própria à sucessão ao Palácio dos Bandeirantes nem apoiar adversários do PSDB.
Em um acordo costurado entre o presidente estadual da sigla, deputado Campos Machado, e o pré-candidato do PSDB ao governo paulista, o ex-governador Geraldo Alckmin, o PTB irá compor uma aliança branca com os tucanos.
O partido pretende ceder parte dos 2 minutos e 8 segundos que dispõe de propaganda eleitoral gratuita nos palanques eletrônicos para pedir votos, indiretamente, ao ex-governador. O resto do tempo será usado em prol da candidatura de Tuma, espaço que, para Machado, "é suficiente para que o senador se viabilize nas urnas e mantenha a segunda posição entre os seus oponentes em São Paulo".
A última pesquisa DataFolha de intenções de voto, divulgada no início do mês, indicou Tuma com 25% em uma eventual disputa ao Senado, atrás apenas da ex-prefeita Marta Suplicy (SP), com 43%.
A decisão do PTB de sair sozinho em São Paulo foi tomada depois que o PSDB fechou todas as portas para que o ex-delegado pleiteasse uma das duas vagas ao Senado na coligação tucana. Um dos postos foi garantido ao PMDB, mais especificamente ao ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, em acordo costurado por lideranças do DEM em troca do apoio dos peemedebistas à reeleição do atual prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM). A outra vaga vem sendo disputada entre o deputado federal José Aníbal e o ex-secretário estadual da Casa Civil Aloysio Nunes Ferreira.
Sem a contrapartida do PSDB, Tuma foi convencido por correligionários a pleitear o posto de vice de Alckmin na chapa tucana, vaga que já foi oferecida ao ex-secretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho Guilherme Afif Domingos (DEM). "Nunca se cogitou entregar ao PTB e a outros aliados uma das vagas ao Senado", afirmou o presidente estadual do PSDB em São Paulo, deputado estadual Mendes Thame. "E a vaga de vice está sendo articulada com o DEM."
Campanha
Com o apoio do PTB, Tuma tem visitado com frequência as suas bases eleitorais no interior do Estado e cumpre agenda de candidato desde o fim do ano passado. Com a estratégia de aumentar o seu potencial nas urnas, o ex-delegado tem marcado presença em eventos do interior e ganhou o título de porta-voz do processo de capilarização do PTB, que em seis meses inaugurou 25 novos escritórios regionais.
A marcha de Tuma pelo interior do Estado, conhecida como caravana do senador, já percorreu municípios como Bauru, São José do Rio Preto e Santos. Na semana passada, Tuma inaugurou um novo escritório em São José dos Campos e, amanhã, deve aportar na cidade de Marília, onde no final do dia vai inaugurar mais uma unidade da sigla.
A expectativa do partido é de que, até o final abril, sejam abertos 28 escritórios regionais. "São eventos de conciliação, onde recebo lideranças locais e moradores dos municípios visitados", esclareceu Tuma. "O que gosto é de ver o sorriso das pessoas me recepcionando", brincou.
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