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O publicitário Luiz Alberto Costa Marques, diretor em Brasília da empresa Ogilvy Brasil Comunicação, admitiu que não é usual no mercado a prática de uma agência de publicidade intermediar o pagamento feito por um cliente a outras agências que lhe prestaram serviços. Foi o que ocorreu com a empresa DNA Propaganda, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, que repassou pagamentos da Visanet à própria Ogilvy e à D+ Brasil. A Visanet tem mais de 30% das ações controladas pelo Banco do Brasil e a DNA é uma das agências de Valério, acusado de ser o operador do mensalão. Costa Marques depôs nesta quinta-feira na sub-relatoria de Contratos da CPI dos Correios.

- Ficou claro que a DNA se apropriava indevidamente dos ganhos financeiros da antecipação de recursos feita pelo Banco do Brasil para pagar por serviços de publicidade prestados à Visanet - concluiu o sub-relator de Contratos, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).

Segundo ele, a DNA recebia antecipadamente, aplicava o dinheiro, tendo assim ganhos financeiros, e só pagava às outras agências depois que estas prestavam os serviços. As empresas, enquanto isso, emitiam as faturas em nome do Banco do Brasil.

A DNA teve cancelados os contratos com o Banco do Brasil depois que a CPI passou a investigar as relações de órgãos públicos com o empresário.

O publicitário Costa Marques admitiu ainda que, após o fim do contrato da DNA com o Banco do Brasil, em conseqüência das investigações da CPI, o banco passou a ficar "mais cauteloso" com os contratos de publicidade.

Costa Marques disse não conhecer Valério, mas afirmou que já havia encontrado algumas vezes o sócio do empresário, Cristiano Paes, da agência SMPB, nas reuniões com órgãos públicos.

Outro foco de investigação do depoimento foi o relacionamento do publicitário Mauro Montorin, que passou a trabalhar neste ano para a Ogilvy, com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Costa Marques disse que não conhecia Delúbio e que soube das relações entre os dois pela imprensa. Afirmou ainda que, até onde sabe, a contratação de Montorin pela Ogilvy não foi indicação de ninguém do governo.

Segunto Costa Marques, Montorin é um publicitário famoso, já recebeu vários prêmios, tendo inclusive sido eleito publicitário do ano. Por isso ele teria sido contratado pela Ogilvy. Cardozo ficou, porém, surpreso ao ouvir do publicitário que Montorin já foi presidente de um banco, o Lemmon Bank. O sub-relator decidiu solicitar que o publicitário seja ouvido pela CPI. É intenção de Cardozo ouvir também os responsáveis pela Visanet.

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