O ex-secretário de Comunicação dos governos Mário Covas (em São Paulo) e Fernando Henrique Cardoso (na Presidência), Sérgio Reis, acredita que os gastos com publicidade do governo do Paraná, em 2006, teve caráter político. "Está na cara que é mídia política. Você está privilegiando um jornal de menos circulação", diz o ex-secretário, comentando o volume de recurso estadual com publicidade comum para um jornal de circulação local, o Hora H. Segundo Reis, a circulação do veículo, o público alvo e o preço a ser pago são os principais critérios para a mídia técnica, que ele classifica como a correta.

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"Na hora em que você erra na mídia, o que chamo de mídia política, é o mesmo que desperdiçar galões e galões de leite na rua. Acho que isso é um crime", afirma o ex-secretário.

Na opinião de Claudio Weber Abramo, diretor executivo da ONG Transparência Brasil, a publicidade do governo deveria ser proibida. Segundo ele, a grande maioria dos anúncios governamentais têm o objetivo de fazer propaganda, os gastos são imensos e centenas de jornais sobrevivem apenas às custas disso. "É injustificável o governo fazer publicidade do seu governo. Não existe em outros países", diz Abramo. "Lá, o governo que quiser fazer propaganda cai. Isso é um escândalo."

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A opinião é compartilhada pelo professor titular de Ética e Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano. O professor considera a proibição a atitude mais radical, ética e correta. "O problema é que a tentação de quem ocupa o poder é imensa. Há a falta de distinção entre interesse público e o interesse do governante", diz Romano.

Defender o caráter técnico da mídia governamental é uma luta da Associação Nacional de Jornais (ANJ). Há seis meses, a ANJ participa de um grupo de trabalho junto à Secretaria de Comunicação. Uma proposta apresentada é a auditoria na circulação dos veículos que recebem verbas federais. "As propostas são a nível federal, mas acredito que os estados e municípios começariam a segui-las", diz o diretor do comitê de relacionamento governamental da ANJ, Paulo Tonet Camargo.