Os partidos de oposição ainda não chegaram a um entendimento e a representação pedindo abertura de processo de cassação de mandato do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, não deve ser apresentada nesta semana. Mais cedo, o deputado Raul Jungman (PPS-PE) chegou a anunciar que o pedido seria protocolado na próxima quinta-feira por cinco partidos: PPS, PFL, PSDB, PDT e PV. Um novo documento comprovaria que Severino tentou privilegiar o dono de um restaurante da Câmara, apontado como responsável por pagar propina ao presidente da Casa.
O PFL não quer pedir a cassação de Severino agora porque, se ele perder o mandato, terá que ser realizada outra eleição para a escolha de seu substituto. No caso de a oposição apertar o cerco e forçar Severino a se afastar temporiamente para apresentar sua defesa, o deputado José Thomaz Nonô (PFL-BA) assume a presidência até a volta do titular.
O líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), entende que já há provas de que Severino quebrou o decoro parlamentar, mas avalia que é preciso mais tempo para tomar uma decisão.
- Vamos fazer um trabalho bem feito e avaliar o tempo político, mesmo porque o presidente está viajando esta semana - afirmou.
O pedido de cassação vai se basear em novas informações sobre o caso. Jungmann relatou que na noite desta segunda-feira um grupo de parlamentares foi procurado por um ex-funcionário do restaurante Fiorella, que fica no anexo 4 da Câmara. Trata-se de Izeilton Carvalho, ex-gerente do restaurante. Ele disse ter provas sobre o pagamento de R$ 10 mil mensais a Severino. Em troca, o dono do Fiorella, Sebastião Buani, teria a garantia de renovação do contrato de exploração do restaurante da Câmara no anexo 4. Jungmann disse ainda que os parlamentares preferiram convencer Izeilton a prestar depoimento à Polícia Federal.
- Ele está prestando depoimento neste momento. A situação é de máxima gravidade. Vamos pedir cópia dos autos - disse o parlamentar.
Jungmann citou reportagem da edição online da revista "Veja" em que é publicado um fax da prova que comprometeria Severino. Segundo a revista, trata-se de um documento de cinco linhas em que o então primeiro secretário da Câmara, Severino Cavalcanti, determina a prorrogação do contrato de exploração do restaurante até 24 de janeiro de 2005. O documento é datado do dia 4 de abril de 2002. Segundo a revista, o papel sofreu perícia para comprovar sua autenticidade.
O corregedor da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou que o documento divulgado nesta terça não compromete Severino no processo de sindicância.
- Não vejo o porquê (a prova comprometeria Severino) - disse Nogueira, que é segundo vice-presidente da Câmara.
Nogueira afirmou ser necessário identificar se o documento assinado por Severino é verdadeiro.
- Primeiro vou saber realmente se o presidente assinou mesmo o documento. E eu já enviei ofício ao diretor-geral da Câmara para saber se o documento foi utilizado em algum processo.
Já o líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES), disse que seu partido vai se reunir para discutir a situação do deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), que teria admitido ter recebido R$ 20 mil para ajudar a redigir o documento que teria sido assinado por Severino. Casagrande é contra o afastamento de Severino, o que considera um gesto político, mas afirmou que, se comprovada a irregularidade por parte do presidente da Câmara, é preciso entrar direto com uma representação pela perda de mandato no Conselho de Ética.
Desde que surgiram as denúncias, Severino já divulgou três notas para negar seu envolvimento. Na última, divulgada na tarde desta segunda-feira, o presidente da Câmara nega que tenha recebido propina de R$ 10 mil e, pela primeira vez, rejeita a suspeita de que tenha assinado o documento.
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