Curitiba Trinta e nove pessoas de uma suposta organização criminosa que praticava crimes pela internet foram detidas, ontem, em cinco estados brasileiros, durante a operação da Polícia Federal batizada como Ponto Com e mobilizou 280 policiais. Estima-se que o total desviado pela quadrilha esteja em torno de R$ 60 milhões. A maior parte das buscas e prisões concentrou-se no Rio Grande do Sul, onde foram presas 30 pessoas. Onze presos foram transferidos para Curitiba devido os mandados terem sido expedidos pela Justiça do Paraná. Na capital paranaense, dois homens foram presos e um adolescente apreendido.
De acordo com informações da PF no Paraná, os dois adultos detidos em Curitiba eram responsáveis pela programação dos softwares (conhecidos como key loggers) que roubavam as informações bancárias de usuários distraídos ou desinformados. Os roubos começavam quando as vítimas recebiam e-mails simulando sites de bancos. "Esse tipo de programa não armazena só senhas e informações bancárias, ele consegue gravar tudo o que é digitado no teclado e depois de um tempo envia essas informações para um e-mail", explica o consultor em crimes eletrônicos, Wanderson Castilho.
Com a autorização da quebra de sigilo bancário pela Justiça, calcula-se que os "assaltantes virtuais" faturavam cerca de R$ 1 milhão por mês apenas no Rio Grande do Sul. E já atuavam há pelo menos um ano. Entre as pessoas presas na Grande Porto Alegre (RS), está o empresário gaúcho Cristiano Bica Souza, 30 anos, apontado como o líder da quadrilha e articulador do esquema. Ele foi encontrado em um hotel em Novo Hamburgo, na região metropolitana da capital gaúcha. As outras seis prisões aconteceram em Santa Catarina, Bahia e São Paulo.
Segundo a PF, todo o esquema era organizado com a participação de líderes, hackers e "laranjas", que abriam contas bancárias em seus nomes, para onde o dinheiro roubado era transferido. Todos os detidos tiveram prisões preventivas e temporárias decretadas e permanecem nas sedes da PF, onde prestam depoimentos.