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| Foto: Elza Fiúza/ABr

O que o mensalão representou no combate à corrupção?

O mensalão mostrou que, quando há vontade política de julgar e condenar, as coisas acontecem. É muito positivo para a sociedade quando ela vê um político sendo julgado e condenado, porque vê que a impunidade tem um limite. Mas nós também precisamos ver o Judiciário agindo de forma efetiva, com todos os processos dessa mesma natureza e que envolvem políticos, que ainda estão engavetados no STF [Supremo Tribunal Federal]. Há outros julgamentos para serem feitos. O STF mostrou força nesse julgamento, mas os tribunais precisam continuar com essa postura para que não caiam em descrença, assim como outros poderes já estão. Os réus do mensalão foram presos no meio de um feriado. Essa é uma prova de que, quando se quer que algo aconteça, de fato acontece. O Judiciário precisa continuar julgando, condenando e mandado para a cadeia os políticos corruptos.

O que é preciso ser feito para acabar ou diminuir a corrupção cometida por políticos?

A medida mais necessária e mais urgente e que é uma porta aberta para a corrupção é o financiamento de campanha. Enquanto as empresas puderem fazer doações para as campanhas há um caminho livre para a corrupção, porque as empresas não doam, elas fazem um investimento. O lucro desse investimento virá dos recursos públicos, então isso precisa ser regulado. Não há nenhuma dúvida com relação a isso. A primeira atitude seria uma reformulação no financiamento das campanhas. Outra medida essencial é incorporar transparência a todo o processo eleitoral. Toda a população tem que saber quanto o candidato gasta, quem são os cabos eleitorais, quanto eles recebem, ou seja, toda a prestação de contas. O ideal seria que essas transações fossem feitas em uma conta pública, em algum banco oficial. Além disso, é imprescindível que as pessoas se interessem pela vida política e se envolvam ativamente. Quando as pessoas dizem que odeiam política, outros maus elementos se apropriam desse espaço. As pessoas precisam saber que é necessário o envolvimento, a participação.

Como dar efetividade a essas medidas que, em grande parte, dependem dos políticos que estão em cargos eletivos?

Infelizmente a grande maioria dos integrantes do Congresso Nacional quer manter a mesma forma de fazer política, pois eles se beneficiam e acabam criando um jogo de benefícios próprios. Enquanto isso, a sociedade fica à míngua, esperando que eles ajam. O que pode ser efetivo nesse sentido é a sociedade entender que ela faz parte desse sistema e que é preciso reagir. Existe um projeto de lei de iniciativa popular sobre a reforma política e medidas para eleições limpas. Mas o que é importante e pode acontecer agora é a tomada de consciência. O ano de 2014 é importante, em que vamos renovar os quadros políticos. Cada eleitor precisa pensar bem em quem votar, pesquisar a vida pregressa de cada candidato, pois, por mais que ele tenha passado pelo crivo da lei da Ficha Limpa, podem ter outros fatos no passado que o desabonem.

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