As reformas política e tributária foram abandonadas, o crescimento econômico médio deve ser o mais baixo desde a gestão de Fernando Collor de Mello, e não há sinais de que serão cumpridas as metas de expansão de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Unidades Básicas de Saúde (UBS), creches e quadras esportivas cobertas. Em compensação, a erradicação da miséria e a ampliação do emprego seguem em ritmo avançado, e o governo vem cumprindo metas de criação de moradias no programa Minha Casa Minha Vida.
A 12 meses do fim do mandato da presidente Dilma Rousseff, a reportagem analisou como está cada uma das 46 promessas mensuráveis apresentadas durante sua campanha, em 2010. Após levantar nos ministérios a situação de cada uma, elas foram divididas entre as que caminham em ritmo bom e têm perspectivas de serem cumpridas, e as que estão em ritmo lento, com possibilidade remota de serem alcançadas. Das 46 promessas, quase metade, 22, estão em ritmo lento e outras 24 em ritmo bom. Considerando as dez principais propostas, a proporção é semelhante: cinco em ritmo bom e cinco em ritmo lento.
Dentre os avanços, o mais significativo é a perspectiva de erradicação da miséria, que está a caminho de ser cumprida. A partir da criação do programa Brasil Sem Miséria, que promoveu alterações no Bolsa Família, o governo conseguiu dar a todos os beneficiários uma renda mínima de R$ 70 por mês, retirando assim 22 milhões de brasileiros da linha da pobreza extrema.
Outro programa que apresenta avanços é o Minha Casa Minha Vida. A meta inicial de contratação de 2 milhões de moradias até o fim do mandato foi batida em novembro. A promessa de proteger o emprego e a renda dos trabalhadores também deve ser cumprida. A renda média segue aumentando, apesar de a economia estar patinando: Dilma tende a concluir seu mandato com um crescimento médio de 2%, pior do que o registrado, por exemplo, no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (2,14%).
Obstáculo
Há, no entanto, promessas-chave da campanha eleitoral de 2010 que estão longe de serem cumpridas e atingem em cheio duas áreas críticas: educação e saúde. É o caso, por exemplo, das creches e quadras esportivas cobertas. O documento de campanha de Dilma dizia explicitamente: "o governo federal assumirá a responsabilidade da criação de 6 mil creches e pré-escolas e de 10 mil quadras esportivas cobertas".
No entanto, segundo o Ministério da Educação, passados três anos de governo foram entregues 1.267 creches um quinto do prometido. Já o projeto das quadras cobertas foi abandonado. Até agora, o governo só concluiu a cobertura de 44 quadras, menos de 0,5% do prometido.
Na saúde, o problema é parecido. A presidente havia garantido que construiria 500 UPAs e 8 mil UBS. O governo diz ter entregue nesses três anos 173 UPAs. Com relação às UBS, o governo dizia em 2012 haver no país 42.675 unidades desse tipo, mas um censo realizado pelo ministério em 2013 mostrou que o número era de 39.800 unidades.
Há também as áreas onde o governo alardeia investimentos, mas pouca coisa sai do papel, como na área de mobilidade urbana. A seis meses da Copa do Mundo, segundo o Portal da Transparência do governo, só foram executados R$ 2,5 bilhões dos R$ 7,9 bilhões previstos para 45 obras de mobilidade urbana ligadas ao setor.
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