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Mercadante sorri: salário até o fim do ano | Roberto Stuckert Filho/PR
Mercadante sorri: salário até o fim do ano| Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Com direito à chamada quarentena, quase metade da equipe de ministros que integrou o governo federal até o afastamento da presidente Dilma Rousseff receberá salário mensal até o fim do ano.

O benefício foi conferido até agora a 17 ministros do segundo mandato da petista, 15 dos quais permaneceram na função até a saída dela, e autorizado pela Comissão de Ética da Presidência da República, estrutura da responsável por analisar solicitações de remuneração.

O colegiado federal tem avaliado pedidos de ministros e assessores da gestão petista desde maio, quando a presidente foi afastada do Palácio do Planalto.

Pela regra, os auxiliares receberão remuneração integral que detinham no cargo pelo período de seis meses. A remuneração atual de um ministro é de R$ 30,9 mil.

Na lista de beneficiados, constam os ex-ministros Aloizio Mercadante (Educação), Jaques Wagner (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça), Nelson Barbosa (Fazenda), Ricardo Berzoini (Governo), Izabela Teixeira (Meio Ambiente), entre outros.

Nesta semana, o órgão federal concedeu o benefício a Juca Ferreira (Cultura) e a mais dois assessores presidenciais da petista que a acompanham no período de afastamento.

Receberão remuneração Jorge Messias, o Bessias, citado em conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal entre a petista e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Sandra Brandão, apelidada de Google do Planalto por fornecer rapidamente dados governamentais durante os debates televisivos de 2014.

Improbidade

O salário mensal tem sido pago também a ex-presidentes de empresas e institutos públicos, como Aldemir Bendine (Petrobrás), Giovanni Queiroz (Correios), Luciano Coutinho (BNDES), Marilene Murias (Ibama), Miriam Belchior (Caixa), Antônio Matos do Vale (Infraero) e Flávio Decat (Furnas).

A concessão do benefício é prevista na legislação brasileira para evitar conflito de interesse de quem sai de um cargo público com novas funções na iniciativa privada.

Segundo ela, pessoas que tenham exercido cargos de alto escalão devem respeitar o período para que não tenha o risco de utilizarem informações privilegiadas.

De acordo com o presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, Mauro Menezes, ao receber a quarentena, os servidores ficam impedidos de trabalhar formalmente ou informalmente para a iniciativa pública.

No caso dos petistas, eles também não podem despachar no Palácio do Alvorada, onde a presidente afastada aguarda a análise final do processo de impeachment, que deve ser analisado em agosto pelo Senado Federal.

A violação de uma restrição derivada de conflito de interesse pode ser caracterizada como improbidade administrativa.

Indeferidos

O órgão federal indeferiu até o momento consultas de quarentena de seis ex-ministros, como Edinho Silva (Comunicação Social), que deverá ser candidato a prefeito em Araraquara (SP), e Alexandre Tombini (Banco Central).

No caso deles, não foi constatado conflito de interesse para que exerçam cargos na iniciativa privada. Com mandato no Senado Federal, Kátia Abreu (Agricultura) também não recebeu o direito à remuneração mensal.

O benefício foi negado ainda para Alessandro Teixeira, que permaneceu como ministro do Turismo por menos de um mês, e para Eugênio Aragão, que ficou à frente do Ministério da Justiça por cerca de dois meses.

Ao todo, o órgão federal recebeu 213 pedidos de quarentena, dos quais 74 foram aprovados, 102 recusados, 5 arquivados e 32 ainda não definidos.

VEJA A LISTA DE BENEFICIADOS

EX-MINISTROS

Aloizio Mercadante, Educação

Carlos Eduardo Gabas, Previdência Social

Eleonora Menicucci, Secretaria de Política para Mulheres

Eva Maria Chiavon, Casa Civil

Guilherme Ramalho, Aviação Civil

Inês Magalhães, Cidades

Izabella Teixeira, Meio Ambiente

Jaques Wagner, Casa Civil

José Aldo Rebelo Figueiredo, Defesa

José Eduardo Cardozo, Justiça

Luiz Navarro, CGU

Miguel Rossetto, Trabalho

Nelson Barbosa, Fazenda

Ricardo Berzoini, Secretaria de Governo

Tereza Campello, Desenvolvimento Social

Valdir Simão, Planejamento

Juca Ferreira, Cultura

OUTROS

Giles Azevedo, ex-assessor especial da Presidência da República

Marco Aurélio Garcia, ex-assessor especial da Presidência da República

Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras

Miriam Belchior, ex-presidente da Caixa

Giovanni Correa Queiroz, ex-presidente dos Correios

Luciano Galvão Coutinho, ex-presidente do BNDES

Marilene Ramos Murias, ex-presidente do Ibama

EX-MINISTROS QUE NÃO CUMPRIRÃO QUARENTENA

Alessandro Teixeira, Turismo

Alexandre Tombini, Banco Central

Edinho da Silva, Comunicação Social

Eugênio Aragão, Justiça

Kátia Abreu, Agricultura

Nilma Lino Gomes, Igualdade Racial

Fonte: Comissão de Ética da Presidência da República

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