Pelo menos quatro imóveis vizinhos ao prédio da TAM Express, implodido neste domingo e onde morreram 199 pessoas no acidente com o vôo 3054, deverão ser desapropriados pela Prefeitura de São Paulo. Segundo o subprefeito de Santo Amaro, Geraldo Mantovani, eles são anexos ao prédio implodido e deverão ser desapropriados para que todo o quarteirão seja transformado numa praça, com memorial às vítimas. O posto atingido pela aeronave, que pertence à Shell, também deverá ser desapropriado. Um comissão formada pelas Secretarias de Meio-Ambiente, Cultura e das Subprefeituras vai apresentar para o prefeito Gilberto Kassab em 30 dias um projeto para a construção da praça.

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Os três imóveis que serão desapropriados ficam na Rua Baronesa de Bela Vista, atrás do prédio da TAM Express. Segundo a Defesa Civil, eles têm os números 195, 199 e 203. Escombros do galpão atingido pelo Airbus chegaram a invadir o quintal dos sobrados e é possível ver rachaduras nas paredes. Vizinhos afirmam que os imóveis dos números 195 e 199 estavam para alugar há algum tempo.

Três edículas coladas ao prédio da TAM Express desabaram junto com o prédio implodido e, segundo a empresa responsável pela implosão, já era previsto que caíssem. Mantovani afirmou que o processo de doação pela TAM do terreno ocupado pelo prédio da TAM Express deve começar este mês.

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O subprefeito disse que espera que os moradores já possam voltar às suas casas até quarta-feira. Até lá, os escombros da implosão já deverão ser removidos e as ruas serão lavadas. Balanço da subprefeitura indica que até o final da tarde dos 28 imóveis interditados, 11 haviam sido liberados . Nesta segunda, muitos papéis da TAM ainda estavam espalhados pelos escombros e ruas após a implosão.

A TAM informou que começam nesta semana as buscas de pertences de vítimas nos escombros, que será feita por uma empresa americada que trabalhou nas Torres Gêmeas, no atentado de 11 de setembro de 2001.

Não há prazo para construção da praça e do memorial porque dentro do quarteirão da TAM três casas são de outros proprietários e terão de ser desapropriadas - afirmou. Moradores passam manhã à espera da desinterdição

Os proprietários de imóveis vizinhos passaram a manhã no local à espera de engenheiros e técnicos da Subprefeitura de Santo Amaro. Manoel Nantis, que mora há 38 anos na Rua Otávio Tarquínio de Sousa e está com sua casa interditada desde 17 de julho, dia do acidente com o Airbus da TAM, chegou por volta de 9h30m à rua.

- Estou aqui esperando a desinterdição, mas ninguém da Defesa Civil ou da Subprefeitura entrou em contato comigo. Soube pela imprensa - afirmou Nantis, que está hospedado desde o dia do acidente em um hotel da Avenida Luiz Carlos Berrini, pago pela TAM.

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Segundo ele, apenas este hotel aceitou a presença do cachorro da família. Nantis acha que a casa será liberada nesta segunda. Do lado de fora, ele percebeu apenas que a implosão quebrou vidros da janela da frente da residência. Ele teve a casa liberada no final da tarde.

A assessoria da Subprefeitura de Santo Amaro informou que não é necessário convocar formalmente os moradores para a desinterdição após a vistoria, que deve ser feita junto com os proprietários dos imóveis interditados. Apenas os que estiverem no local terão o imóvel desimpedido. O subprefeito disse que vai colocar os laudos de desinterdição na caixa do correio dos imóveis vazios.

Mário Cardoso, dono da empresa de brindes All Brindes, afirmou que conseguiu entrar no imóvel para retirar produtos, mas o trabalho ficou parado. Cardoso disse que fatura cerca de R$ 330 mil por mês e ainda não calculou o prejuízo, que deverá ser pago pela seguradora da TAM, a AIG. A empresa funciona numa casa térrea na esquina das ruas Baronesa de Bela Vista e Barão de Surui.