Ao divulgar documentos do acordo firmado com a Odebrecht e a Braskem, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) forneceu indícios – mas não nomes – de políticos brasileiros que teriam recebido propina, segundo as declarações dos ex-executivos das empresas.
Apesar de os relatos serem baseados apenas em perfis, sem identificação evidente, é possível intuir quem são alguns beneficiários.
É o caso de Romero Jucá e Delcídio do Amaral.
Os documentos revelam que a Braskem tinha interesse, em 2010, em um projeto de lei envolvendo a carga tributária nos estados. Segundo as declarações dos ex-funcionários, um parlamentar, identificado como oficial número 7, recebeu o equivalente a R$ 4 milhões. Já outro legislador foi beneficiado com quantia semelhante a R$ 500 mil.
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Leia a matéria completaÀ época, o senador Delcídio do Amaral era o relator do projeto de lei. A delação premiada já firmada por um executivo da Odebrecht indica que Jucá seria o destinatário dos R$ 4 milhões, por ter encaminhado a votação que interessava à empresa.
Os documentos revelados citam descrições genéricas, como “funcionário de alto escalão”, que colocam muitos políticos em suspeição. Os relatos trazem duas listas – uma da Odebrecht e outra da subsidiária petrolífera Braskem – com a descrição das pessoas que receberam suborno para agir em favor dos interesses das empresas.
‘O maior ressarcimento na história mundial’, diz Deltan Dallagnol
Leia a matéria completaO rol da Odebrecht menciona seis funcionários da empreiteira, três diretores da Petrobras e dois políticos (um do governo federal e outro do Congresso Nacional). O período do relatório abrange de 2001 a 2016, citando que mais de 100 projetos milionários foram desenvolvidos pela empresa, em vários países.
Já a lista da Braskem menciona sete funcionários, dois agentes que atuaram em favor da petrolífera, um diretor da Petrobras e oito políticos, sendo dois ministros e quatro parlamentares. O período de investigação vai de 2002 a 2014.
Braskem e Odebrecht fecham acordo de leniência com EUA e Suíça
Leia a matéria completaAs empresas reconheceram que usaram a chamada Divisão de Operações Estruturadas – descoberta em fevereiro, na fase Operação Acarajé, deflagrada pela Lava Jato e investigada na fase Xepa – para pagar ao menos US$ 788 milhões (R$ 2,6 bilhões) em propinas em 12 países. Em troca desse suborno, segundo o DoJ, a Odebrecht obteve R$ 12 bilhões em benefícios com contratos nesses países.
Histórico
Não é a primeira vez que uma lista de políticos que supostamente receberam propina da Odebrecht vem a público. Em julho, o rol de mais de 100 políticos citados em depoimentos foi anunciado. A delação do ex-executivo Cláudio Melo Filho, divulgada no início de dezembro, traz uma relação de 48 nomes de beneficiários. Contudo, foram os apelidos, como “Boca Mole” e “Todo Feio” é que chamaram a atenção.
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