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O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) | Antonio Cruz/ABr
O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)| Foto: Antonio Cruz/ABr

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, deixou o plenário da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça (28), após cinco horas de reunião, certo de que havia conseguido convencer os senadores sobre a improcedência das denúncias envolvendo seu nome no caso dos "aloprados".

"Fiquei muito satisfeito de ter vindo ao Senado Federal e ter demonstrado transparência. Todas as provas demonstram exatamente que isso não aconteceu [envolvimento dele com o caso]. Essa [arquivar pedido de investigação contra ele] foi a decisão de todos os ministros do Supremo Tribunal Federal. Por isso estou aqui [no Senado]. Quem não deve não teme e tem que ter transparência e liberdade para falar tudo que a gente sente e tudo que aconteceu", disse Mercadante.

Citado em reportagem da revista "Veja" como "mentor" do episódio da compra por petistas de um suposto dossiê, em 2006, contra o ex-governador de São Paulo, José Serra, Mercadante foi ao Senado para apresentar aos senadores a sua versão dos fatos.

O ministro deixou o Senado afirmando que pretende "tomar medidas judiciais" para apurar as responsabilidades dos envolvidos no episódio, mas preferiu não dar nomes aos supostos alvos das futuras ações: "Vou tomar as medidas judiciais assim que apurar tudo que aconteceu e entender todas as responsabilidades e, de fato, o que é que está em curso. Tomarei todas as medidas judiciais que estiverem ao meu alcance ao fim desse processo."

Durante a audiência com os senadores, Mercadante classificou de "história fantasiosa" a denúncia envolvendo seu nome no escândalo dos "aloprados" e afirmou que o caso só ganhou destaque na imprensa porque o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia faleceu no ano passado.

Quércia é citado junto com Mercadante em reportagem da revista. "Por que esse caso que volta hoje? Porque o Quércia está morto. Eu pergunto se a oposição estaria aqui querendo convocar o Quércia? Se o Quércia estivesse vivo ele estaria aqui para desmentir como desmentiu na época. É só olhar o histórico do Quércia em todos esses anos e ver de qual lado ele estava, com quem ele estava. Jamais falei com Quércia durante a campanha. Se Quércia estivesse vivo, isso [denúncia da revista] não parava de pé uma hora. O problema é que só tenho eu para falar pelo Quércia ", argumentou Mercadante.

"Injustiça inaceitável"

O ministro ainda citou decisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal que recomendou o arquivamento do pedido de investigação em relação a ele. Mercadante classificou de "injustiça inaceitável" a tentativa de envolvê-lo com o caso e lamentou que integrantes do PT tenham investido na elaboração de um dossiê.

"É uma injustiça inaceitável, não é possível fazer política nesses termos. Lamento que o meu partido tenha uma cultura de enfrentamento nesses termos. Acho um equívoco histórico a gente tratar as coisas nesses termos."

O ministro disse que, em 2006, o interesse da oposição era ligar a compra do suposto dossiê com a campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Na época, todo esforço era fazer o vínculo com a campanha nacional do PT, todo esforço era porque eu tinha perdido a eleições para o governo de São Paulo e o Lula estava no segundo turno e a representação no TSE era focada no segundo turno nacional", argumentou Mercadante.

Mercadante leu parecer do então procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza que o inocentou das acusações.

"Não há um único elemento nesses autos que aponte para o envolvimento do senador Aloizio Mercadante nos fatos. A quebra de sigilo telefônico dos envolvidos não apontou ligações para o senador Aloizio Mercadante. As conclusões das perícias desautorizam a presunção da autoridade policial de envolvimento do senador Mercadante."

"Me convenceu"

Depois de quase quatro horas de audiência, o senador Cyro Miranda (PSDB-GO) surpreendeu os colegas de oposição ao afirmar que havia sido "convencido" pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, sobre a improcedência das denúncias do suposto envolvimento com o escândalo dos "aloprados".

"Quero dizer aqui, com sinceridade: o senhor me convenceu", disse Miranda, primeiro integrante da oposição a admitir a versão apresentada pelo ministro.

Antes de Miranda, o líder do PSDB na Casa, Alvaro Dias (PR), chegou a anunciar a apresentação de requerimento para convocar a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, a prestar esclarecimentos sobre o caso, uma vez que ela também foi citada pela revista como suposta responsável por divulgar o dossiê dos "aloprados".

Mercadante foi questionado pelo líder do PSDB sobre as declarações de ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso, que citou Mercadante em gravações obtidas pela revista "Veja". "Há um parceiro de vossa excelência que o denuncia e isso é que precisa ser esclarecido", disse Dias.

Mercadante argumentou que Veloso não tinha conhecimento do funcionamento de sua campanha para o governo de São Paulo. Ele lembrou que não estaria claro se as gravações obtidas pela revista teriam sido registradas há cinco anos. "Ele [Veloso] sempre se remete [nas gravações] ao Hamilton Lacerda. E o Hamilton Lacerda já disse que jamais me consultou e pediu desculpas públicas por ter me envolvido nesse episódio", disse Mercadante.

Dias pediu a Mercadante que se comprometesse a ir até a Câmara para falar das denúncias da revista aos deputados. Mercadante afirmou que já havia aceitado falar aos senadores por contra própria e avaliou que sua passagem pela Câmara seria apenas uma tentativa criar uma "disputa política" com a oposição.

"Por que querem que eu vá até a Câmara? Porque querem continuar alimentando o fato como disputa política", argumentou Mercadante.

Também insatisfeito, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) ironizou o ministro afirmando que os aliados de Mercadante davam "piruetas" para tentar desqualificar as denúncias da revista. Segundo o senador tucano, Mercadante fez na CAE um "verdadeiro exercício de pirueta digna do mais exímio patinador artístico".

Nunes classificou de "núcleo de burrice" o suposto núcleo de inteligência da campanha petista, responsável por idealizar o suposto dossiê.

Ideli Salvatti

No final da tarde, a ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti, que é citada por envolvimento no suposto esquema, disse no Congresso que gostou das explicações de Mercadante.

"As informações que recebi é de que o ministro Mercadante prestou todos os esclarecimentos e foi muito bem. Não tive qualquer participação nesse processo e não tenho qualquer dificuldade de prestar esclarecimento", afirmou.

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